Tenho refletido muito sobre o bem-estar dos colaboradores e felicidade corporativa desde a aprovação da atualização da Norma Regulamentar nº01 (NR-01), que recentemente entrou em vigor no Brasil dispondo sobre segurança e saúde no trabalho. Enquanto diretora de Recursos Humanos, tenho o meu papel de não somente proporcionar aos colaboradores da empresa treinamento sobre o tema, como também estar a par das questões de saúde física e emocional que estão sendo discutidas no mercado.
Li recentemente na Galup ‘State of the Global Workplace 2025 Report’, que 31% dos colaboradores da América Latina estão engajados com o trabalho, já os estressados somam 43%. Enquanto o engajamento latino-americano é considerado alto, frente ao global (21%), o nosso estresse está 3% acima do mundial também.
Felicidade corporativa e cultura organizacional humanizada
Existe, portanto, um engajamento alto com o trabalho, mas também situações no dia a dia que podem comprometer o bem-estar do colaborador, ameaçando sua saúde física ou mental. Neste sentido, vejo surgir uma necessidade urgente de olhar para o colaborador não como uma parte integrante apenas para a empresa, mas verdadeiramente como uma pessoa que faz com que a companhia prospere e tenha um propósito real de vida.
Como sempre falo, é na valorização do colaborador, no reconhecimento de sua importância, que está o verdadeiro valor da empresa. É nesse sentido que apoio o pensamento de uma cultura organizacional focada na felicidade corporativa.
Mas, para atingir isso, é essencial criar e manter ativamente uma cultura organizacional forte - valores, DNA e um propósito maior formam a cultura da empresa. Estes aspectos precisam convergir com a necessidade de um bom relacionamento entre equipes, a conexão, a troca de conhecimentos entre pares, e entre líder e liderado, e o relacionamento interpessoal entre todos os membros da equipe - uma cultura verdadeiramente humanizada.
Aproximar os times cria uma atmosfera importante na qual o colaborador se sente próximo ao RH e o departamento de pessoas ativamente está presente na vida dos funcionários. Isso constrói confiança mútua, sensação de segurança e de poder contar com a empresa em um momento de vulnerabilidade, além de clareza de que as informações que recebe no dia a dia são de verdade. Isso apoia a sensação de saber para onde e como a empresa caminha e cria melhor sinergia interpessoal.
Cultura e estabilidade
Quanto mais uma empresa apresenta uma cultura forte e empoderada, melhor é a produtividade de quem está atuando dentro dela. Quando ela sai da teoria e é vivida, sentida e percebida, traz mais qualidade de vida para o colaborador, levando à felicidade corporativa e, consequentemente, à produtividade. E isso é fundamental para reter talentos, já que pessoas felizes torcem para a empresa prosperar, pois assim têm a certeza de que prosperarão também.
Apostar em deixar o colaborador confortável, garantindo um canal aberto de comunicação com líderes inspiradores e engajadores, fortalece o vínculo entre equipe e empresa. Consequentemente, essa aproximação com o RH e a liderança faz com que a companhia realmente saia na frente.
Uma empresa que é modelo de cultura organizacional em prol da felicidade corporativa impacta diretamente seus clientes, tornando-os mais felizes, confiantes e confortáveis com o serviço. Logo, isso gera resultados positivos, como lucro, excelência no atendimento e outros aspectos que são efetivamente sentidos na ponta.
Cultura organizacional: bem-estar e engajamento dos colaboradores
Eu trabalho fortemente com meu time a cultura organizacional, porque entendo que tem que partir do RH essa missão. Esse monitoramento do bem-estar do colaborador vem de atitudes simples, como ter um termômetro de humor para acompanhar sinalizações negativas e entender como lidar com elas.
Por exemplo, a empresa pode oferecer acompanhamento do serviço social ou apoio psicológico em casos de vulnerabilidade.
Além disso, treinamentos estruturados ao longo do ano ajudam a fortalecer esse cuidado.
Junto ao meu time, desenho essas iniciativas para garantir um ambiente saudável e equilibrado.
Para que a cultura organizacional se mantenha e gere benefícios reais, líderes e o departamento de Recursos Humanos devem vivenciar seus discursos na prática. Consequentemente, essa postura fortalece os valores institucionais e impulsiona um ambiente de trabalho mais autêntico e engajado.
Dessa maneira, as empresas podem fortalecer valores e incentivar comportamentos alinhados à sua identidade. Além disso, a aplicação diária dessas ideias é essencial para inspirar os colaboradores e promover engajamento genuíno.
Somente assim, é possível transformar palavras em ação e, consequentemente, impulsionar a prosperidade organizacional.
Por Ana Letícia Caressato, Diretora de Recursos Humanos na Ascenty. Ela se formou em psicologia, concluiu um MBA em gestão de pessoas e fez uma pós-graduação em Coaching Organizacional. Atua na área de RH há mais de 15 anos, passando por empresas dos segmentos do agronegócio e farmacêutico. Dentro do RH atua de forma generalista. É responsável por todos os subsistemas de RH como: treinamento e desenvolvimento, recrutamento e seleção, folha de pagamento e questões estratégicas da organização.
🎧Ouça o Episódio 181 do Podcast RH Pra Você Cast:
“A Saúde dos Trabalhadores Está em Risco?”
A abordagem das empresas em relação à saúde dos colaboradores traz otimismo. Inegavelmente, desde a pandemia, o bem-estar e a qualidade de vida passaram a ser assuntos obrigatórios nas organizações para que elas se mantenham competitivas.
A Prática é Tão Positiva Quanto o Debate?
Contudo, será que a prática é tão positiva quanto o debate? Com efeito, segundo uma pesquisa recém-realizada pela Alice, ainda identificamos muitos gaps que precisam ser corrigidos.
Pesquisa da Alice Revela Gaps na Saúde dos Trabalhadores
Para falar mais sobre o estudo e também a respeito do cenário da saúde do trabalhador para 2024, batemos um papo com Sarita Vollnhofer, CHRO da Alice. Assim sendo, confira abaixo:
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