Era digital e doomscrolling: você sabe a diferença entre informar-se e inundar-se de informações?
Na teoria essa distinção não é simples e na prática o fato complica. Um dos aspectos mais estudados durante a pandemia do COVID-19 tem sido o impacto na saúde mental das pessoas considerando a forma/intensidade com que elas acessam informações.
Os resultados encontrados não surpreendem nem cientistas e nem leigos: quanto mais negativas são as notícias – e maior o tempo acessando-as – maior a probabilidade das pessoas apresentarem sintomas emocionais, como ansiedade, pânico, paranoia, entre outros.
Notícias ruins não faltam: novas variantes, picos de aumento no número de mortes, restrições, falta de infraestrutura mínima em saúde, colapso no sistema sanitário, crise política, disponibilidade das vacinas, entre tantos outros aspectos.
A verdade é que ficar alienado das notícias que acontecem no mundo é impossível. Porém, o que se observa é que as pessoas não estão mais só se informando sobre esse fenômeno novo chamado COVID, mas sim submersas em notícias, imagens, pesquisas e comentários sobre a crise sanitária (e humanitária) que assolou o mundo.
Para além da pandemia, esse é um comportamento desempenhado por muitas pessoas no seu dia-a-dia: acessar mais informações do que são capazes de absorver, assimilar e filtrar. Para isso, têm-se usado o termo “doomscrolling“, que nada mais é do que o hábito de ficar rolando o dedo na tela do celular de maneira indiscriminada e pouco objetiva.
-
- Mais informações sobre Saúde e Qualidade de Vida, ouça o Podcast do RHPraVocê: “Vida Pessoal e Profissional: há limites?“
O termo ainda refere-se à tendência de navegar na internet pesquisando notícias, mesmo que sejam deprimentes. Estamos, na verdade, “infoxicados”. O pior é que, quase sempre, não são conteúdos relevantes.
O “doomscrolling” pode tornar as pessoas mais ansiosas, cansadas (física e mentalmente), com a falsa sensação de estar informado (não sabemos mais distinguir informações reais de falsas), com o otimismo reduzido e menos emoções positivas no dia a dia.
Diante disso, é importante avaliar de forma contínua a relação com as redes sociais e o abuso de eletrônicos.
Pergunte para si mesmo: eu controlo a informação ou ela me controla?
Algo na mesma linha de raciocínio do documentário “O dilema das redes”, disponível na Netflix. Com o intuito de equilibrar os acessos e não sobrecarregar a saúde psicológica na era digital, destaco alguns pontos importantes para serem observados. Assim, a relação saúde mental e o uso de tecnologias se tornará mais saudável.
Veja:
- Evite pegar o celular logo ao acordar pela manhã;
- Reserve um tempo para verificar as redes, limitando o tempo on-line;
- Pratique a “atenção plena” (atenção exclusiva para o aqui e agora);
- Exerça o ato de parar de “rolar” aleatório;
- Desligue o celular, desconecte-se e foque na vida real.
O ideal é substituir o “doomscrolling” por uma leitura que lhe acrescente conhecimento; Opte por percorrer sites confiáveis, com alguma curadoria, ler sobre histórias inspiradoras e que despertem suas emoções mais positivas.
Buscar mais leveza nos acessos às redes pode transformar a forma que você se sente e, portanto, a sua vida.
Por Dra. Ana Carolina Peuker, psicóloga e CEO da BeeTouch, mental healthtech pioneira na mensuração, rastreamento e predição do risco psicossocial e em avaliações psicológicas digitais com tecnologia com algoritmo proprietário. Co-criadora da AVAX PSI. Especialista em Psicologia Clínica e realizou Mestrado, Doutorado e Pós Doutorado no Laboratório de Psicologia *Experimental, Neurociências e Comportamento (LPNeC), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Realizou Pós Doutorado no Grupo de Estudos Avançados em Psicologia da Saúde – GEAPSA (UNISINOS). Foi professora do Instituto de Psicologia da UFRGS, atuou como pesquisadora e professora do Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas (CPAD), do Departamento de Psiquiatria (UFRGS) e do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (RS). É membro da Integra o Grupo de Trabalho de Enfrentamento à COVID-19 da Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP).
Mais informações sobre Saúde e Qualidade de Vida, ouça o Podcast do RHPraVocê, episódio 75: “Vida Pessoal e Profissional: há limites?“
Distantes fisicamente do trabalho desde o início da pandemia, muitos se encontraram perto demais de suas vidas pessoais. Naturalmente, ambos os lados, pessoal e profissional, se misturaram.
Para entender esse cenário, a pesquisa “Vida e Trabalho sem limites: Da produção e do consumo à Economia do comportamento e ESG”, realizada pela Kuratore, ABTD, CENEX e Carvalho e Mello, conversou com diferentes líderes em seus setores para entender por onde andam seus interesses e decisões quanto ao futuro de suas organizações, principalmente pelo olhar da necessária humanização das relações profissionais e o bem-estar dos colaboradores.
No episódio de hoje, o CEO do Grupo TopRH, Daniel Consani, e a editora do RH Pra Você, Gabriela Ferigato, conversaram com Tiago Petreca, diretor fundador e curador chefe da Kuratore – consultoria de educação corporativa, Country Manager da getAbstract Brasil e autor do Livro “Do Mindset ao Mindflow”, sobre as principais descobertas da pesquisa. Acompanhe clicando AQUI ou diretamente pelo app abaixo:
Não se esqueça de seguir nosso podcast e interagir em nossas redes sociais: