Empresas que se preocupam com diversidade — em todas as suas formas — muitas vezes realizam ações para aumentar o número de colaboradores diversos. É um dos exemplos mais comuns nesse sentido no mundo corporativo.
E são ações de grande importância!
Pessoas Negras, PCD, Mulheres, LGBTQIA+, Seniores, são todos grupos que necessitam mesmo de mais abertura para entrar no mercado de trabalho.
Mas diversidade não é só isso.
Imagine que, após um processo seletivo acolhedor e positivo, uma pessoa que faz parte de um ou mais desses grupos vulneráveis consegue a vaga. Chegando lá, ela encontra um ambiente totalmente diferente do que lhe pareceu no recrutamento.
Como ela vai se sentir?
Como conseguirá trabalhar e entregar todo seu potencial?
Infelizmente, essa é uma situação mais recorrente do que parece. De fora, geralmente só vemos o que a companhia está mostrando ao público, e faz sentido supor que uma empresa aberta à contratar pessoas diversas também está preparada para recebê-las.
Só que a realidade nem sempre corresponde a essa lógica.
Um estudo recente do Boston Consulting Group (BCG) apontou que, no Brasil, 77% das pessoas LGBTQIA+ já foram discriminadas no ambiente de trabalho, e 29% acredita que apenas falar sobre a própria orientação sexual pode prejudicar suas vidas profissionais.
Já a pesquisa Racismo no Brasil, realizada pelo Instituto Locomotiva, revela que 52% dos profissionais pretos e pardos já sofreram algum tipo de discriminação. Também mostra que a população negra é minoria nos cargos de chefia.
Esses são apenas alguns dados dentre inúmeros estudos que comprovam os mesmos problemas. Eles demonstram que a vivência nas corporações pode ser penosa e até violenta, causando danos psíquicos e tornando impossível uma boa experiência de trabalho.
As causas para essas adversidades frequentemente estão relacionadas à falta de uma política clara de diversidade dentro das empresas.
Elas precisam ser elaboradas pensando no acolhimento e no respeito, e aplicadas em todos os setores e níveis. Isso estabelece um ambiente que age ao invés de apenas reagir.
Entenda um ambiente que apenas reage como aquele que não está atento ao colaborador no dia a dia, mas atua sobre possíveis denúncias e reclamações.
É importante que exista um canal de comunicação aberto e livre para isso, mas o propósito maior deve ser evitar que esse canal seja necessário. Aí entra a empresa que age, que previne, que se preocupa verdadeiramente com o bem-estar da equipe.
Algumas formas de agir são:
- Realizar treinamentos sobre diversidade periodicamente para todo o quadro de funcionários, inclusive líderes e CEOs;
- Contratar pessoas diversas para ministrar palestras sobre diversidade e recortes das quais elas fazem parte;
- Criar comitês internos para realização e acompanhamento de ações de diversidade;
- Oferecer espaço para que os colaboradores diversos falem, expliquem, questionem e protestem, se necessário;
- Manter normas claras contra discriminação e assédio de qualquer tipo, bem como atuar com veemência nos casos em que algo do tipo ocorra.
É claro que, para que toda essa movimentação faça sentido, a diversidade também precisa passar pelo recrutamento.
Porém, com boas práticas, a seleção se tornará apenas a porta de entrada para que populações vulneráveis mostrem seu fôlego no mercado de trabalho.
São essas atitudes que fazem com que a gente entre e não procure pela saída.
Por Gezinei Rodrigues, Supervisor de Marketing no Grupo MOVE3.
Ouça o PodCast RHPraVocê, episódio 89, “O poder do investimento em diversidade” com a fundadora da Newa Consultoria, Carine Roos. Clique diretamente no app abaixo:
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