O termo “quiet quitting” ou, em português, “demissão silenciosa”, tem ganhado destaque nos últimos anos, descrevendo colaboradores que fazem o mínimo esforço no trabalho. Apesar de sua popularidade, ainda há muita confusão sobre seu verdadeiro significado, especialmente entre líderes que enfrentam dificuldades para entender e abordar o fenômeno, principalmente em um mundo pós-pandemia.
Aqui vão alguns esclarecimentos sobre o tema.
Mito 1: É um novo fenômeno
Fato: Baixos níveis de engajamento não são novidade
O termo “demissão silenciosa” viralizou na internet em março de 2022, durante um período de grande mudança no mundo corporativo, com a transição para o trabalho remoto e a transformação da cultura de trabalho como um todo.
No entanto, enquanto o termo pode ser novo, os baixos níveis de engajamento não são novidade. Segundo o estudo da Gallup – State of the Workplace 2023 – 72% dos profissionais brasileiros não estão engajados no trabalho ou estão se demitindo silenciosamente. Infelizmente, essa tendência persiste.
Mito 2: Apenas a Geração Z está se demitindo silenciosamente
Fato: Nenhuma geração é mais ou menos propensa ao fenômeno
Embora a Geração Z tenha impulsionado a discussão sobre o assunto nas redes sociais, todas as gerações podem ter baixo engajamento no trabalho. Uma pesquisa feita pela nossa empresa e conduzida em diversos países com centenas de milhares de profissionais, revelou pequenas diferenças estatísticas entre gerações, mas com pouco significado prático. Em nossos dados, nenhuma geração é mais ou menos ambiciosa, trabalhadora ou propensa à demissão silenciosa.
Identificamos esse fenômeno em todas as gerações: profissionais no início de suas carreiras que não encontram significado no trabalho, aqueles que lutam para equilibrar vida pessoal e profissional, e até executivos seniores que redefiniram seus objetivos de carreira.
Em vez de atribuir esse comportamento a uma geração específica, precisamos focar nas motivações e personalidades individuais.
Mito 3: A “demissão silenciosa” é prejudicial para os negócios
Fato: Algumas personalidades podem se beneficiar ao dar um passo atrás
Indivíduos altamente motivados ou competitivos não são propensos a se demitirem silenciosamente devido ao desejo de progredir. No entanto, personalidades que tendem ao esgotamento, conforme identificado pela Escala de Dedicação da Hogan, podem se beneficiar ao darem um passo atrás.
Profissionais que pontuam alto nessa escala são detalhistas, trabalhadores e mantêm altos padrões. Embora esses traços sejam positivos, podem levar ao perfeccionismo e à dificuldade em delegar tarefas. Focar em atender expectativas, em vez de buscar a perfeição, pode prevenir o esgotamento e aumentar a eficácia no trabalho.
Mito 4: Demissões silenciosas passam despercebidas
Fato: Elas são notadas e podem ter consequências negativas
Já para as pessoas que pontuam alto na chamada Escala de Lazer, a “demissão silenciosa” pode se tornar passivo-agressiva e ter consequências negativas. Esses profissionais tendem a evitar conflitos abertos, ignorando compromissos ou acordos, tornando-as mais propensas ao fenômeno.
Isso pode ser autodestrutivo, especialmente em tempos de recessão econômica, quando o desempenho é analisado de perto. Se não atenderem às expectativas ou não gerenciarem adequadamente a carga de trabalho, correm o risco de perder o emprego.
Embora algumas pessoas sejam mais propensas do que outras, as motivações para a demissão silenciosa estão ligadas a valores individuais, portanto as organizações devem focar na motivação pessoal e no desenvolvimento de liderança, que serão fundamentais para lidar com essa questão.
Por Ryne Sherman, Diretor Científico da Hogan Assessment Systems, possui um B.A. em Psicologia e História pelo Monmouth College e um Ph.D. em Psicologia da Personalidade/Social pela University of California, Riverside. Em seu cargo atual, gerencia o departamento de ciência de dados, incluindo análises de talento, inovação de produtos, inteligência de negócios e infraestrutura de pesquisa.
Ouça o podcast RH Pra Você Cast, episódio 171, “Não é só uma demissão: o peso do desemprego na autoestima e na saúde mental“. Perder o emprego não é fácil para ninguém, mas para algumas pessoas, o impacto emocional pode ser bem maior do que para outras. Seja pelas necessidades financeiras ou por questão de autoestima, um desligamento é capaz de causar efeitos extremamente negativos à saúde mental. Efeitos, estes, que podem ser gatilhos para transtornos ou doenças como ansiedade, ataques de pânico, depressão, entre outros.
Diante deste cenário, é possível que as organizações possam contribuir de algum modo para que tal impacto seja menos sentido? O que fazer para que uma demissão não afete tão drasticamente o nosso emocional? Quem fala sobre isso é a psicóloga especialista em Gente & Gestão, Cláudia Danienne, CHRO da Degoothi Consulting. Confira:
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