Demissão de Rodrigo Bocardi: compliance não é o culpado

Demissão do Rodrigo Bocardi: não, a culpa não é do Compliance

A recente demissão do jornalista Rodrigo Bocardi pela Globo gerou um intenso debate sobre o papel do compliance dentro das organizações. Conforme as informações divulgadas pela emissora, a decisão foi tomada devido ao descumprimento de normas internas de ética e conduta.

No entanto, a Globo não especificou qual norma teria sido violada. O que se sabe é que reportagens indicam que Bocardi teria prestado serviços a terceiros sem comunicar a empresa, o que pode configurar um conflito de interesses.

Esse caso revisita um ponto essencial: compliance não é um mero formalismo burocrático, mas sim um pilar fundamental para a integridade corporativa. No entanto, é preciso compreender que ele não é um vilão. A aplicação de regras e diretrizes visa preservar a reputação da organização e garantir que seus colaboradores atuem dentro de padrões éticos claros.

Conflito de Interesses: Um Desafio Ético

Um dos principais pontos levantados no caso Bocardi foi a existência de empresas registradas em seu nome, que teriam prestado serviços ao Bradesco sem a devida comunicação à Globo. Entre 2017 e 2023, as notas fiscais emitidas por essas empresas somaram valores expressivos, o que pode indicar um possível conflito de interesses.

De acordo com a Controladoria-Geral da União (CGU), conflito de interesses ocorre quando interesses pessoais impactam ou interferem nas decisões profissionais de um indivíduo, comprometendo a imparcialidade e a transparência das instituições. No setor de comunicação, isso é especialmente sensível, pois pode comprometer a percepção de neutralidade do jornalista.

Assédio Moral: Um Comportamento Inaceitável

Outra possível violação mencionada por reportagens é o assédio moral. Conforme descrito na Cartilha do Tribunal Superior do Trabalho (TST), assédio moral é "a exposição de pessoas a situações humilhantes e constrangedoras no ambiente de trabalho, de forma repetitiva e prolongada, no exercício de suas atividades". Essa conduta gera danos à dignidade do trabalhador e prejudica o clima organizacional.

Caso as suspeitas de assédio moral se confirmem, a conduta de Bocardi poderia configurar uma grave violação às diretrizes internas da Globo e à legislação trabalhista.

O que Podemos Aprender com Esse Caso?

Independentemente da razão exata da demissão de Bocardi, esse episódio ressalta a importância do compliance nas organizações. Algumas lições valiosas incluem:

A Importância da Transparência: Qualquer atividade externa que possa gerar conflito de interesses deve ser declarada à empresa.
Cultura de Ética: Empresas devem investir em treinamentos contínuos sobre ética e compliance.
Ambiente Respeitoso: Qualquer denúncia de assédio moral deve ser tratada com seriedade e imparcialidade.

Conclusão

Este episódio serve como um alerta para a importância de programas de compliance robustos nas organizações. Empresas devem estabelecer códigos de conduta claros e promover uma cultura de transparência e ética. Profissionais, por sua vez, precisam estar atentos às políticas internas e evitar situações que possam comprometer sua integridade e a da organização.

Em suma, o compliance não é o culpado em casos de desligamentos por condutas inadequadas. Pelo contrário, é um aliado indispensável na construção de ambientes corporativos éticos e responsáveis.

Normas de Compliance da Globo

As normas de compliance estão disponíveis do site do grupo Globo, e podem ser acessados pelos seguintes links:

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Por Máyra Regetz Monteiro, Advogada, CPC-A, ISO 31000, ISO 37001, ISO 37301, Programa de Integridade, Compliance, Auditoria, Consultoria Jurídica.

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