Será que estou delegando a minha inteligência?
Desculpem-me o título, mas esse é um comportamento muito comum hoje em dia. Não me refiro apenas às postagens na mídia social, quase sempre muito convictas, mas sem origem de dados e sem análise critica.
Algumas estratégias até reforçam esse fato como a expressão mágica: “conforme pesquisas de graduados cientistas da Universidade XYz, apresentamos as seguintes conclusões”, como se essa afirmação fosse suficiente para consolidar uma convicção baseada em dados sem a necessidade de análise mais pormenorizada.
Com efeito, toda certeza precisa ser contestada!
Complementarmente a busca por facilidades, em grande parte proveniente dos recursos da tecnologia, provoca uma sensação de aceitação implícita das informações. É um pouco do reflexo das características da “Modernidade Líquida” de Bauman, que descreve a sociedade contemporânea como volátil e superficial.
Em suma, as informações que consolidam conhecimento são baseadas em informações superficiais de “especialistas” formados por textos também superficiais. A prática da leitura mais exaustiva, como livros, por exemplo, foi substituída por textos mais curtos. Uma herança da mídia social.
E a Inteligência Artificial?
E para reforçar precisamos comentar algo sobre a contribuição da “Inteligência Artificial”.
Iniciando nossa análise precisarmos posicionar que não existe artificialidade na inteligência. Pode ser que se utilize a expressão “artificial” porque esse recurso, a I.A., “não pensa”, apenas sistematiza, qualifica e separam dados e conteúdos realizados pelos seres humanos. Será que é por isso a expressão: artificial?
Não podemos negar que esse recurso de programação de software é de grande auxílio para o tratamento de pesquisas e busca de conceitos e informações. Mas, com alguns ajustes, sem dúvida.
A facilidade raramente ensina lições duradouras
A facilidade nem sempre é uma boa professora. Evidentemente estou procurando me referir as “vantagens e características” que a Inteligência Artificial nos propicia.
Mas vamos analisar alguns pontos:
Essa “programação” se fundamenta na definição dos “algoritmos” a serem utilizados para dar “instrução” para os caminhos a serem seguidos para os resultados desejados. Isto é, são sequencia de códigos que dão instrução do que deve ser feito e com que objetivo.
O humano constrói a IA
Evidentemente essa sequencia e a escolha dos objetivos é realizada por um profissional humano (o programador), que irá escolher a sequencia que lhe pareça mais adequada. Mesmo que a I.A. possa fazer isso é porque ela já foi “programada” para isso.
Bem, se nós humanos somos absolutamente individuais com percepções diferentes da realidade é muito provável que também não estejamos perfeitamente alinhados com as escolhas dos “algoritmos” (personalidade da base de dados) definidos para essa ação.
Então o que fazer.
NÃO DELEGAR A INTELIGENCIA!
É muito provável que os resultados conseguidos pela facilidade do levantamento de dados e conteúdos possam se configurar como um DESVIO DE VISÃO e, portanto, irá requerer um processo de análise da coerência dos resultados apresentados pela I.A.
Analise crítica, indispensável
Sem dúvida ela pode “encurtar” alguns prazos de identificação de dados, MAS NÃO SUBSTITUI a análise crítica, sempre indispensável.
Então não estamos negando a maravilhosa contribuição da tecnologia, que com sua característica de “auto desenvolvimento” ainda nos beneficiará com várias soluções, mas estamos fazendo um apelo para não nos deixarmos “entrar” nesse cenário sem uma análise crítica consistente e diferencial como sempre foi a característica de nossa espécie humana para acompanharmos a evolução tecnológica com a mesma ênfase da nossa evolução humana também.
Talvez até possamos rever comportamentos que poderão estar mais disponíveis para a nossa humanidade como a substituição da competição pela colaboração, da inveja pela aquisição de um novo conhecimento e o reconhecimento de que podemos ter características diferentes em diversos aspectos, mas fazemos parte da única comunidade deste planeta.
Somos da mesma família.
Por Bernardo Leite, Consultor Organizacional, longa experiência executiva em nível gerencial e diretivo. (Volkswagen/Bayer/Calfat/Enterpa/Confab/Brastemp/ Morita/Abaeté). Psicólogo especializado em Comportamento Organizacional. Atua em consultoria desde 1980, e possui robusta participação no mercado com palestras, artigos, pesquisas e estudos sobre comportamento organizacional e gestão. Palestrante, escritor, coaching personalizado para executivos. Um dos maiores especialistas em Avaliação de Desempenho, em todos os segmentos, incluindo Empresas Públicas. Professor em nível de Pós Graduação em diversas instituições de ensino. Coordenou o MBA de Administração para Engenheiros do IMT e, atualmente, é professor convidado da FGV-SP. Autor dos livros: Ciclo de Vida das Empresas e Dicas de Feedback, além de participação em mais outros cinco livros. Lança, em 2021 seu mais recente livro “Será que minha empresa é assim?”.
🎧 Inteligência Artificial (IA): Deve Mesmo Preocupar-nos?
No episódio 158 do RH Pra Você Cast, intitulado “IA: a preocupação deve mesmo existir?”, discutimos um tema que tem gerado debates acalorados: o desenvolvimento das inteligências artificiais. Em março de 2023, veio a público a informação de que cerca de 2.600 líderes e pesquisadores do setor de tecnologia assinaram uma carta aberta solicitando uma pausa temporária nesse desenvolvimento. O argumento central é que as IAs podem representar um “risco para a sociedade e a humanidade”. Surpreendentemente, até Elon Musk, um dos maiores entusiastas da tecnologia, também assinou o documento.
Visões Contrastantes: Otimismo vs. Preocupação
Jhonata Emerick, CEO da Datarisk, diverge desse movimento de cautela em relação às IAs. Para o doutor em Inteligência Artificial, a evolução dessas tecnologias é tão natural quanto o crescimento que elas podem impulsionar. Ele argumenta que, ao longo da história, a humanidade sempre enfrentou mudanças disruptivas, e a IA não é exceção. A questão, portanto, é como nos adaptamos e aproveitamos essas transformações.
Legitimidade das Preocupações
Mas será que as preocupações em torno das IAs são legítimas? A perda de empregos é frequentemente apontada como um risco iminente. No entanto, também devemos considerar os benefícios potenciais: automação de tarefas repetitivas, diagnósticos médicos mais precisos, otimização de processos industriais e muito mais. Ainda há muito a aprender sobre o impacto real das IAs em nossas vidas.
O Desconhecido e o Potencial Inexplorado
Por fim, o que as IAs podem fazer por nós que ainda não compreendemos totalmente? Talvez estejamos apenas arranhando a superfície de suas capacidades. À medida que avançamos, é crucial manter um olhar crítico e otimista, buscando equilibrar os riscos com as oportunidades.
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