Um dos textos que mais me chamou a atenção recentemente foi publicado pelo portal Worklife: “Inside a marketing executive’s ‘intimate, complicated’ relationship with AI”. O artigo é um desabafo de um profissional de marketing pressionado a absorver o melhor das ferramentas e produzir mais, e melhor, enquanto tenta preservar sua humanidade diante dos dilemas da IA no trabalho - um novo contexto que mistura eficiência, criatividade e tensão emocional.

Nele, esse executivo relata sua relação íntima e contraditória com a IA no trabalho: ao mesmo tempo em que a inteligência artificial funciona como colaboradora criativa, “apoio emocional” e aceleradora de entregas, ela também gera crises de identidade, questionamentos sobre autenticidade e a sensação permanente de estar “competindo” com uma máquina que nunca descansa.

De forma resumida, o texto expõe o que muitos de nós sentimos, mas raramente verbalizamos:

Como manter a autenticidade ao lado das máquinas?

O que acontece quando já não conseguimos distinguir o que é humano e o que é gerado por IA?

Como equilibrar o uso de ferramentas poderosas com o medo de sermos vistos como “menos criativos” por adotá-las?

Essas reflexões se somam a dilemas éticos e práticos: a constante necessidade de retreinar modelos, os vieses e pontos cegos em temas sensíveis como gênero e raça e o desgaste emocional de viver em hiperprodutividade.

Psicologia, inovação e angústia coletiva

Comecei a estudar Psicologia em 2019, quando, ao trabalhar na Aerolito explorando cenários futuros e difundindo conteúdos sobre inovação, tecnologias emergentes e novos modelos de trabalho, percebi algo evidente: as pessoas estavam ansiosas, inquietas e muitas vezes paralisadas diante da velocidade das transformações.

Sempre tive cuidado ao tratar desses temas.
O medo vende.
O FOMO vende.
Respostas prontas em meio à incerteza também vendem.

Mas compreender que a angústia é comum, que não estamos sozinhos e que até mesmo lideranças inovadoras carregam dúvidas, pode ser libertador. É nesse espaço que conseguimos resgatar o senso de humanidade, favorecer ambientes psicologicamente seguros e buscar novas perspectivas e soluções.

Aceitação e compromisso

Gosto muito da abordagem de psicologia da Aceitação e Compromisso (ACT), que integra a Terceira Onda da Terapia Cognitivo Comportamental. Precisamos aceitar, sem nos resignarmos, que vivemos um período de instabilidade extrema e que as transformações não serão menores nem mais lentas, como disse certa vez Roberto Martini, da Flag.

Por outro lado, precisamos nos comprometer: ter clareza de valores, definir prioridades e assumir responsabilidades. Estagnação ou congelamento não são opções. Acreditar em respostas mágicas ou seguir cegamente gurus, também não.

Entre a máquina e o humano

O relato do executivo de marketing revela muito mais do que uma experiência individual: expõe uma transição cultural profunda. Entre encantamento e receio, entusiasmo e fadiga, a IA nos obriga a repensar não apenas a forma como trabalhamos, mas também como nos percebemos como profissionais e seres humanos.

Aceitar esse desconforto e, ao mesmo tempo, investir em repertório, criar uma visão autêntica e agir com intencionalidade e responsabilidade talvez sejam os primeiros passos para encontrarmos um caminho sustentável entre tecnologia e humanidade. O desafio é aprender a coexistir, com consciência, clareza e coragem.

Errar rápido_foto da autora

Por Simone Gasperin, Sócia & Head de Marketing e Growth da BPool, plataforma que atua globalmente na transformação das contratações e pagamentos de serviços de marketing. Com presença em mais de 10 países, é conectada a um ecossistema de mais de 1.500 parceiros e 4500 freelancers. Atende a mais de 70 marcas de clientes como L'Oréal, Reckitt, Akzonobel, Unilever, Vivo, Novartis, Pinterest e Pernod Ricard.



🎧 Inteligência Artificial (IA): Deve Mesmo Preocupar-nos?

No episódio 158 do RH Pra Você Cast, intitulado “IA: a preocupação deve mesmo existir?”, discutimos um tema que tem gerado debates acalorados: o desenvolvimento das inteligências artificiais. Em março de 2023, veio a público a informação de que cerca de 2.600 líderes e pesquisadores do setor de tecnologia assinaram uma carta aberta solicitando uma pausa temporária nesse desenvolvimento. O argumento central é que as IAs podem representar um “risco para a sociedade e a humanidade”. Surpreendentemente, até Elon Musk, um dos maiores entusiastas da tecnologia, também assinou o documento.

Visões Contrastantes: Otimismo vs. Preocupação

Jhonata Emerick, CEO da Datarisk, diverge desse movimento de cautela em relação às IAs. Para o doutor em Inteligência Artificial, a evolução dessas tecnologias é tão natural quanto o crescimento que elas podem impulsionar. Ele argumenta que, ao longo da história, a humanidade sempre enfrentou mudanças disruptivas, e a IA no trabalho não é exceção. A questão, portanto, é como nos adaptamos e aproveitamos essas transformações.

Legitimidade das Preocupações

Mas será que as preocupações em torno da IA no trabalho é legítima? A perda de empregos é frequentemente apontada como um risco iminente. No entanto, também devemos considerar os benefícios potenciais: automação de tarefas repetitivas, diagnósticos médicos mais precisos, otimização de processos industriais e muito mais. Ainda há muito a aprender sobre o impacto real das IAs em nossas vidas.

O Desconhecido e o Potencial Inexplorado

Por fim, o que a IA no trabalho pode fazer por nós que ainda não compreendemos totalmente? Em primeiro lugar, talvez estejamos apenas arranhando a superfície de suas capacidades. Enquanto isso, à medida que avançamos, por outro lado, é crucial manter um olhar crítico e otimista, além disso, buscando equilibrar os riscos com as oportunidades
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