A evolução dos negócios e performance muito dependem do azeitamento ou da harmonia de nos relacionarmos presencialmente e, principalmente, “presentes, plenos”
Conexão é uma palavra que resume bem o mundo moderno, até porque são muitos os benefícios de estar conectado em tudo e o tempo todo. É o que pede o trabalho, o estudo, as relações pessoais.
Mas a essência humana requer, também, uma conexão interior, da pessoa com ela mesma, e depois com os outros. Essa última, especialmente, anda em falta.
Diante de mais um link de reunião no Zoom, me dei conta do quanto o virtual segue se sobrepondo ao presencial no pós-pandemia. Longe de mim negar as benesses do digital e do home office e suas inúmeras vantagens na vida pessoal e nos negócios.
Com a chegada do 5G, então, as coisas tendem a ficar ainda mais divertidas nesse aspecto. Mas penso, por outro lado, que as conexões humanas andam com o sinal fraco.
Estudioso que sou, me ocorreu “perguntar ao Google” qual seria o maior desafio da humanidade para os próximos 50/100 anos. Confesso que fiquei atônito com as respostas.
Tem de tudo, de inovação tecnológica a vencer a fome no planeta, mas não encontrei nada sobre melhorar a conexão entre as pessoas. E isso tem tudo a ver com a sobrevivência na vida e para alguns modelos de negócios.
O mundo mudou e o ambiente empresarial tornou-se mais volátil e desafiador, diante da crescente demanda por competências técnicas e comportamentais. A interação presencial, na minha modesta visão, é um dos maiores desafios da humanidade, pois precisamos de pessoas conectadas umas com as outras.
A evolução dos negócios e performance muito dependem do azeitamento ou da harmonia de nos relacionarmos presencialmente e, principalmente, “presentes, plenos”.
Ok que não é fácil abrir um espaço na agenda para participar de eventos presenciais. Mas propor-se a vivenciar, de vez em quando, encontros humanos ao vivo pode ser transformador.
Segundo uma pesquisa da Forbes, mesmo depois da pandemia, 84% dos executivos dizem preferir reuniões presenciais pela possibilidade de formar relacionamentos de negócios mais sólidos e significativos.
Uma das razões é porque a comunicação se torna mais clara. Nas reuniões virtuais, os rostos espremidos em miniatura são menos expressivos. E quem nunca teve dificuldade de compreender o tom da resposta de um colega no feed de discussão? Decifrar textos mal pontuados e emojis pode gerar mal entendidos, principalmente entre pessoas de culturas ou países diferentes.
O velho “olho no olho” é mais assertivo também para influenciar e persuadir. A identificação humana possibilita a empatia e a compreensão.
Por tudo isso, passar alguns dias em eventos de imersão é mais eficiente do que muitas outras formas de networking. O aproveitamento de conteúdo é maior no presencial.
São momentos para degustar ao máximo. Permita-se desconectar. Interaja com as pessoas ao seu redor, ouça de verdade o que elas têm a dizer, absorva novos conhecimentos e exponha sua opinião.
Muitos parecem ter que aprender a se reconectar com o mundo off-line. No livro A Arte dos Encontros (ed. Objetiva), que chega ao Brasil em agosto, a especialista em relações humanas e em mediações de conflito Priya Parker afirma que grande parte de nossos encontros e reuniões atuais são triviais e improdutivos.
Ela examina conferências, reuniões, audiências, festas, e explica como mudanças simples podem revigorar a experiência em grupo.
O ser humano é gregário, fomos criados para nos relacionar, influenciar e inspirar quem passa pela nossa vida. Por isso temos um jogo completo de chaves, para destrancar ou destravar as diferentes portas de cada pessoa que encontramos.
Temos a chave da atenção, a chave do cuidado, da paciência, do amor… Chaves que só funcionam presencialmente. Não por acaso a palavra “presente” indica presença física e ao mesmo tempo um regalo, um mimo.
Chegamos num ponto de virtualização das relações em que é necessário dar um passo para trás e lembrar que o presencial ainda é insubstituível para estabelecer conexões profundas.
É gratificante descobrir que, na oportunidade de encontrarmos o outro, também encontramos um pouco daquilo que somos.
Assim nos alegramos, quando percebemos, refletido no outro, uma parte daquilo que temos de bom.
Que tal virar essa chave?
Por Wilson Medeiros, experiente executivo com foco em posições comerciais estratégicas, com viés para expansão, IPOs e alianças. Lidera o movimento de expansão da BRITech Brasil, cuja missão é descomplicar a gestão de investimentos para facilitar a gestão da sua operação e prevenir eventuais riscos. É formado em administração de empresas, com cursos de especialização em negócios para executivos pela FGV-SP e outras certificações, como Personal and Executive Coach pelo ICI – Integrated Coaching Institute, e CCU Corporate Coach U International. Membro do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa-IBGC. Autor do livro “Diferencial. Qual é o seu?”.
Ouça o PodCast RHPraVocê, episódio 92, “Como fortalecer a cultura organizacional em modelos flexíveis de trabalho?” com Bianca Carmignani, Head de Recursos Humanos da Nespresso no Brasil e Daniela Gartner, Sr Human Resources Director LATAM at NTT Ltd. Clicando no app abaixo:
Não se esqueça de seguir nosso podcast e interagir em nossas redes sociais:
Facebook
Instagram
LinkedIn
YouTube
Capa: Deposithphotos