Violência e comportamentos de exclusão ainda são entraves para inclusão da população LGBTQIAP+ no mercado de trabalho

Ao contrário do que possa parecer evidente, o termo minoria, quando se refere a grupos sociais, não se refere à quantidade de pessoas que fazem parte de um determinado conjunto social, mas sim aos direitos aos quais eles têm acesso.

As mulheres, por exemplo, representam 51,8% da população brasileira, segundo dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) de 2019, e a participação delas no mercado de trabalho é de 54,5%, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Mas apesar disso, elas ganham cerca de 20% a menos que os homens, segundo levantamento da consultoria IDados.


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Quando fazemos uma análise em relação a pessoas LGBTQIAP+, esse cenário fica ainda mais grave. Levantamento de junho de 2022 feito pelo coletivo #VoteLGBT+ revela que 75% deste grupo de trabalhadores escondem a orientação sexual e a identidade de gênero por receio de não serem aceitos.

Os dados mostram ainda que, durante o período mais grave da pandemia de COVID-19, seis em cada 10 pessoas da comunidade perderam a renda. Estreitando o foco para pessoas transsexuais e não binárias, a Secretaria de Direitos Humanos do Município de São Paulo descobriu, por meio de pesquisa, que 58% da população trans e não binárias da maior cidade do país não têm emprego formal.

A violência e a reprodução de comportamentos de exclusão estão entre as maiores barreiras enfrentadas por este público na hora de procurar e se manter em uma empresa. Neste sentido, a nova realidade de trabalho remoto ou híbrido pode ser um passo importante tanto para uma maior inclusão deste público, quanto para que pessoas trans ganhem gradativa confiança na inserção de sua identidade nas relações sociais do meio empresarial.

Em nossa empresa, cerca 19% dos 650 funcionários – todos formais – é composta por pessoas LGBTQIAP+, sendo que 3,3% desse universo de colaboradores é formado por pessoas transsexuais – o que representa 18% da população LGBTQIAP+ -, que relatam se sentirem mais à vontade no modelo de trabalho remoto.

Segundo elas, trabalhar remotamente lhes parece mais vantajoso por se sentirem mais seguras, especialmente por terem a oportunidade de exercerem todo seu potencial profissional sem se preocuparem com a realidade de preconceitos ainda muito enfrentada no mercado profissional.

Sabemos que ainda há um caminho longo a ser percorrido na inclusão da população trans no mercado de trabalho como um todo. Acreditamos que este percurso será feito sempre ouvindo àqueles a quem pertence esse lugar de fala.

Não à toa, vimos nascer de forma orgânica um Comitê Interno para discutir questões relacionadas ao universo LGTBQIAP+ dentro da empresa.

Ao tomar conhecimento de uma iniciativa como essa, de forma totalmente espontânea, temos a certeza de que ao abrirmos espaço para lideranças que representam pontos de vista diversos, teremos condições de acolher melhor clientes de perfis e pontos de vista cada vez mais amplos.

Comportamentos de exclusão ainda são entraves para inclusão

Por Fabio Boucinhas, CEO da Home Agent.

 

 

 

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Capa: Deposithphotos