Por mais que já se tenha comentado sobre a dificuldades de gestão no momento atual, diante de tantas incertezas e constantes mudanças de rota, ora estamos numa fase mais restritiva, ora é oferecida uma abertura maior, o certo é que num e noutro caso, temos a incerteza como ponto em comum.
Isso naturalmente se reflete na gestão das empresas, de todos os segmentos, pois aquelas que não têm suas portas abertas, e não são claramente afetadas pelas mudanças que atingem visivelmente bares, restaurantes, salões de beleza e outras, também sentem o reflexo dessas mudanças.
É um ciclo, onde todos estamos ligados. O funcionário de um bar, por exemplo, que teve sua renda reduzida vai postergar a compra de um aparelho doméstico. O fabricante desse equipamento não “fechou” as portas do estabelecimento, mas naturalmente foi afetado.
Diante deste cenário eu destaco dois pontos que ganham relevância na gestão: a mentalidade de trabalhar por resultados e a tendência de operar com metas de curto prazo. Os planos de negócio de médio e longo prazos, que as organizações estão acostumadas a criar, estão carregados de premissas e suposições quanto às variáveis de mercado.
Assim, quanto maior o grau de incertezas no ambiente de negócios, ou seja de desconhecimento do comportamento das variáveis, maior o risco do não cumprimento das metas estabelecidas, especialmente, daquelas baseadas em projetos que dependem de decisão de investimento. Desta maneira, é fundamental estabelecer metas claras de curto prazo baseadas em resultados e não em progresso de atividades.
As mudanças de fase em função da pandemia, afetam os negócios de diferentes maneiras, mas, de forma geral, resultam em alteração nas prioridades das organizações, a fim de que se aproveite as oportunidades que surgem, como por exemplo uma companhia de coleta e entregas pode ampliar seu leque de serviços aumentando o perfil de seus clientes.
Agora, todas as empresas, em qualquer que seja a fase, devem ter como ponto central da gestão a disciplina de acompanhamento dos resultados, se a organização não avaliar constantemente se o que definiu como prioridade em certo momento continua sendo prioridade, há um risco altíssimo de insucesso na execução da estratégia e na captura de oportunidades no curto prazo.
Nesse sentido, a gestão por OKR já vinha ganhando espaço pelo sucesso das empresas do Vale do Silício, afinal, por mais que a pandemia tenha imposto mudanças em quase tudo na vida, o fato é que a administração dos negócios já exigia métodos mais ágeis.
Não é de hoje, nem do ano passado, que as respostas a qualquer oscilação do mercado, a novos concorrentes etc. precisam ser imediatas para que não resultem em perdas para as empresas, sejam financeiras ou de posicionamento frente aos concorrentes.
Os gestores precisam entender a necessidade de reinventar o negócio numa velocidade muito maior do que há alguns anos. Esse ajuste constante, a transparência das ações e a permanente comunicação com time são preceitos da gestão por OKR, que fazem muito mais sentido quando as necessidades de ajustes e, muitas vezes, a mudança nas rotas estratégicas são necessárias, seja pela necessidade natural do mercado, seja por algo totalmente diferente do habitual, como a pandemia.
Quando o ambiente de negócio muda, é importante avaliar se a direção seguida permanece válida ou se é necessário traçar uma nova direção, portanto, novos OKRs.
Quando bem construído o processo, o OKR permite perceber o erro desde muito cedo e o consequente ajuste de rota, já que também pressupõe constantes alinhamentos. Além do que, penso que os erros são sempre grandes oportunidades de aprender com alguma parte do trajeto que não estava prevista.
Por Pedro Signorelli, especialista “insider” na implementação de OKR em empresas de diversos tamanhos e segmentos. Ministra palestras e workshops de implementação de OKR. Fundador da Pragmática Consultoria em Gestão.
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