Temos que refletir sobre o impacto positivo de práticas corporativas que promovem diversidade e inclusão formando ambientes inclusivos. Ao fomentar equipes plurais e seguras, as empresas ampliam a inovação. Além disso, reforçam seu comprometimento com a equidade e a construção de ambientes inclusivos. Nessas condições, todas as pessoas se sentem pertencentes e valorizadas.
Neste contexto, investir em políticas de diversidade — considerando raça, gênero, cultura e orientação sexual — fortalece a empatia e a compreensão das necessidades de um mercado cada vez mais heterogêneo.
Em um ambiente corporativo diverso, onde as vozes e experiências únicas são respeitadas e ouvidas, a empresa naturalmente se torna mais inovadora e conectada com as demandas do mercado.
Profissionais de diferentes origens, perspectivas e vivências contribuem para soluções criativas. Ademais, eles oferecem uma visão abrangente das expectativas dos consumidores, garantindo, assim, seu market share. Isso é fundamental para marcas que desejam atender a um público plural. Além disso, essas marcas são sensíveis às questões de equidade e responsabilidade social.
De acordo com uma pesquisa recente promovida pelo Pandapé em parceria com a Impulso, 24% das empresas brasileiras já implantaram programas de diversidade, equidade e inclusão em todos os níveis hierárquicos. Enquanto isso, 21% promovem treinamentos regulares sobre o tema para seus colaboradores.
Essas iniciativas são um passo importante para estimular a empatia e a compreensão mútua, criando um ambiente propício para o surgimento de ideias inovadoras que refletem as dinâmicas de um mercado inclusivo. Entretanto, ainda há um caminho a percorrer, considerando que 39% das empresas participantes da pesquisa não possuem um foco específico em promover a diversidade, equidade e inclusão.
Compliance, ESG e equidade: a base de uma cultura organizacional ética e sustentável
A diversidade, equidade e inclusão vão além do discurso e se consolidam na prática por meio da aplicação de políticas ESG (ambientais, sociais e de governança) alinhadas com um robusto programa de compliance.
Essas práticas não só melhoram a imagem da empresa, como também contribuem para sua sustentabilidade e competitividade. Segundo a Accenture, negócios que integram práticas ESG de forma concreta e contínua alcançam um lucro 20% maior do que aqueles que negligenciam essa agenda. Portanto, é evidente que investir em ESG, com um olhar atento à inclusão, é uma decisão estratégica.
Ao focar na construção de uma cultura organizacional justa e ética, as empresas aumentam sua atratividade para consumidores que valorizam marcas comprometidas com causas sociais. Esse compromisso tem ganhado força, em especial após a pandemia de COVID-19, onde os critérios de aquisição de bens mudaram significativamente.
Além disso, quando essas práticas são implementadas de maneira estruturada, contribuem para a retenção e satisfação dos colaboradores, que enxergam na empresa um ambiente de respeito e oportunidades igualitárias.
A questão do pertencimento: um pilar para a diversidade e inclusão
A diversidade nas empresas é ineficaz se não houver uma cultura de pertencimento. Colaboradores inteligentes e qualificados só terão um bom desempenho se sentirem-se valorizados e se contarem com um ambiente de segurança psicológica.
Como o termo DE&I (Diversidade, Equidade e Inclusão) nos recorda, é essencial criar espaços onde todas as pessoas possam se expressar sem medo. Independentemente de sua origem ou características individuais, as pessoas devem poder contribuir com confiança. O termo DE&I, originado nos Estados Unidos na década de 1960 durante o movimento pelos direitos civis, reforça essa importância.
Os últimos anos mostram que, apesar de muitos avanços, grandes empresas globais anunciaram o fechamento de suas áreas de diversidade, equidade e inclusão. A decisão de Harley-Davidson, John Deere, Google, Meta, Zoom e Microsoft de eliminar essas áreas gera discussões sobre a forma como essas pautas são aplicadas.
Para avançar, o setor de Gestão de Pessoas deve garantir que a diversidade não se limite a números ou à presença de colaboradores de grupos sub-representados. Em vez disso, deve traduzir-se em políticas de inclusão que efetivamente integrem e respeitem essas pessoas. Isso permitirá que elas se desenvolvam e alcancem seu potencial máximo.
A realidade brasileira: representatividade nos cargos executivos
Apesar de mais da metade da população brasileira ser composta por pessoas pretas e pardas, esses grupos ainda ocupam uma pequena parcela dos cargos executivos. De acordo com o Instituto Ethos, apenas 4,7% das posições de liderança são ocupadas por profissionais negros e pardos – se pensarmos em ‘não brancos’, incluindo indígenas e quilombolas, por exemplo, esse percentual é ainda menor.
Isso indica a urgência de uma abordagem mais comprometida e estratégica. Precisamos promover a inclusão em níveis hierárquicos elevados. Dessa forma, a representatividade realmente refletirá a diversidade da sociedade brasileira.
Essa ausência não é apenas numérica. A diversidade em cargos de liderança reflete, de forma prática, a possibilidade para outras pessoas que sejam fora do estereótipo designado pelo status quo. Além disso, essa diversidade garante uma estratégia de negócios eficaz. Isso faz com que a inclusão seja uma prática dentro dos negócios e não somente um discurso.
Para construir um ambiente corporativo verdadeiramente diverso, equânime e inclusivo, é essencial integrar as práticas de inclusão à cultura organizacional. Ademais, é crucial que essas práticas estejam alinhadas às estratégias de negócios. Compreender a importância da diversidade é uma tarefa contínua e demanda comprometimento coletivo — desde os gestores até todos os colaboradores.
Neste mês da Consciência Negra, temos que buscar ações de transformação cultural nas empresas, promovendo ações concretas que incentivem a diversidade e o pertencimento.
Dessa forma, as organizações se fortalecem como ambientes justos e inovadores. Elas se tornam capazes de atrair e reter talentos diversos. Além disso, conseguem atender seus consumidores com excelência. Assim, contribuem para uma sociedade mais equitativa e inclusiva.”
Por Amanda Ramalho, especialista em Direito Empresarial e Compliance. Com mestrado em Direito pela Universidade da Amazônia (UNAMA), Doutoranda em Direito Comercial pela PUC/SP.
Chronoworking: O Que É Isso? Chegou Para Ficar?
🎧 Ouça o Episódio 193 do Podcast RH Pra Você Cast
Você já ouviu falar em chronoworking? Este é um dos assuntos mais discutidos no RH atualmente. Embora ainda não seja popular no Brasil, está ganhando força em outros países.
O Que é Chronoworking?
Chronoworking é uma jornada de trabalho baseada no “ritmo biológico” dos colaboradores. Mas será que é realista pensar em adotar essa prática?
Especialista Fátima Motta Explica
Para entender se o chronoworking vai pegar ou não, ouvimos Fátima Motta. Ela é colunista do RH Pra Você, especialista em gente e gestão, e Sócia-Diretora da FM Consultores. Confira o papo completo no podcast!
Não perca este episódio para saber mais sobre chronoworking e suas implicações no mundo do RH.