A urgência de ambientes corporativos saudáveis envolve desafios e avanços no combate ao assédio e à discriminação.
O ambiente de trabalho ainda é um dos principais palcos de desigualdades, assédios e discriminações no Brasil. O aumento expressivo de processos na Justiça do Trabalho por danos morais relacionados a essas práticas indica um movimento de mudança cultural, mas também acende um alerta para empregadores e gestores: a omissão pode sair cara — juridicamente, financeiramente e reputacionalmente.
Esse aumento dos casos de assédio e discriminação no ambiente de trabalho escancara uma realidade preocupante, mas também aponta para um avanço: as vítimas estão mais seguras para denunciar. Essa mudança de comportamento é reflexo de um Judiciário que, ao reconhecer os danos psíquicos causados por condutas abusivas, tem atuado com rigor. No entanto, o desafio permanece colossal.
Ambientes corporativos saudáveis envolvem avanços e desafios na prevenção do assédio
Dados do Monitor do Trabalho Decente, da Justiça do Trabalho, mostram que mais de 70% das ações trabalhistas sobre assédio são movidas por mulheres — um dado que confirma a permanência de um ambiente corporativo ainda marcado por desigualdades estruturais e sexismo. A aprovação da Lei 14.457/22, que obriga empresas com CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) a instituírem canais de denúncia, é um passo importante, mas ainda insuficiente diante da complexidade do problema.
Outro avanço importante vem com a recente modificação da NR-1, que passou a incluir a exigência de gestão de riscos psicossociais no ambiente laboral. Isso inclui o assédio, o que obriga as empresas a adotarem medidas preventivas e, sobretudo, a ouvirem seus trabalhadores. Trata-se de uma mudança de paradigma que traz o protagonismo para quem vivencia o problema.
A criação de serviços de apoio às vítimas é essencial. Além da punição exemplar aos agressores, é preciso garantir acolhimento, escuta qualificada e suporte jurídico e psicológico. Sem isso, muitas trabalhadoras continuarão a adoecer em silêncio.
Na prática, o desafio ainda é grande. Muitas empresas enfrentam dificuldades para transformar suas boas intenções em políticas efetivas. A cultura organizacional, muitas vezes, banaliza comportamentos abusivos sob o pretexto de “brincadeiras” ou “pressão por resultados”, dificultando a denúncia e a responsabilização.
Compromisso corporativo: dignidade, diversidade e inclusão
É necessário romper esse ciclo por meio de ações concretas, como canais de denúncia eficazes (com anonimato garantido), treinamentos periódicos, planos de diversidade com metas claras e uma gestão comprometida com o acolhimento das vítimas.
A luta contra o assédio e a discriminação é, acima de tudo, uma luta por dignidade. Todas as empresas que se posicionam de forma proativa nesse tema estão não só do lado certo da história — mas também à frente no mercado.
O desafio, claro, não é apenas estrutural, mas também simbólico. A inclusão do assédio como infração ético-disciplinar no Estatuto da Advocacia é um marco relevante e pode (e deve) servir de modelo para outros conselhos profissionais. A responsabilização ética tem efeito pedagógico e mostra que a dignidade humana precisa ser protegida em todas as esferas da atuação profissional.
Promover ambientes corporativos saudáveis não é apenas uma exigência legal — é um imperativo ético, social e econômico. Empresas que investem em relações de trabalho justas, transparentes e respeitosas colhem frutos em produtividade, inovação e reputação. E, mais do que isso, contribuem para a construção de um mercado de trabalho verdadeiramente inclusivo e sustentável.
Por Hugo Luiz Schiavo, advogado formado pela PUC-RIO, Diretor da ACAT, Membro da CJT da OAB-RJ, Membro do Comitê de Ética, Setor Privado desde 11/2024, atualmente cursando especialização em Direito Constitucional pela PUC-RIO Digital e
Liane Garcia, graduada em Direito pela UFRJ e advogada trabalhista. Ambos sócios do escritório A.C. Burlamaqui Consultores.
🎧Ouça o Episódio 209 do Podcast RH Pra Você Cast:
"Gestão de saúde nas empresas: O que não pode mais ficar de fora das políticas de bem-estar"
Nos últimos anos, as empresas brasileiras passaram por mudanças significativas na promoção do bem-estar. Essa transformação foi essencial para melhorar a qualidade de vida dos profissionais e fortalecer o engajamento no ambiente corporativo.
Para que saúde e bem-estar se tornem parte da cultura organizacional, é fundamental ir além de iniciativas isoladas. Assim, políticas bem estruturadas, programas estratégicos e benefícios eficazes são essenciais para gerar impactos reais no negócio e na vida dos colaboradores.
Estratégias para implementar programas de bem-estar
Para construir um ambiente saudável e produtivo, as empresas devem investir em ações concretas. Algumas estratégias incluem:
- Incentivo à saúde mental e física por meio de programas personalizados
- Criação de espaços que promovam interação e qualidade de vida
- Educação e treinamentos voltados à conscientização sobre bem-estar
RH Pra Você Cast: conheça as melhores práticas
O RH Pra Você Cast traz insights valiosos sobre o desenvolvimento de programas de bem-estar corporativo. Ademais, neste episódio, o CEO do Wellhub, Ricardo Guerra, compartilha sua experiência sobre a implementação de iniciativas eficazes.
Descubra como criar estratégias que impactam positivamente os colaboradores e elevam a produtividade. Além disso, confira o episódio e explore as melhores práticas para transformar o bem-estar em um diferencial competitivo!
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