Agilidade de aprendizagem vai transformar o Brasil
A ansiedade tomou conta da vida corporativa. O momento é contraditório, incerto e caótico. Pressionados pelo mercado, líderes transformam suas organizações no mesmo ritmo veloz da comunicação instantânea.
“Meu time não está preparado para enfrentar o ritmo das mudanças”, dizem fundadores e CEOs. Quem vence são as empresas com alto grau de agilidade. As outras correm o risco de acabar no mesmo ferro-velho da Blockbuster.
Aqui estamos falando de agilidade de aprendizagem, a habilidade de rapidamente aprender e aplicar novas técnicas e conhecimentos. Não estou falando do nosso legendário “jeitinho brasileiro”, que implementa soluções sem pesquisar e sem fundamento científico. Em resumo, trata-se de estudar os fatos e tomar decisões com base em dados — sem medo. Porém, usando um pouco de intuição, claro, o que é sempre útil.
Líderes e empresários precisam de agilidade de aprendizagem
Mais do que nunca, líderes e empresários brasileiros precisam de agilidade de aprendizagem. Em junho deste ano, a escola de negócios IMD, da Suíça, em parceria com a Fundação Dom Cabral, publicou seu ranking anual.
Entretando, as notícias do ranking de competitividade global não são boas sobretudo porquê o Brasil perdeu dois pontos. Com efeito, caiu para a posição 62, adiante apenas do Peru, Nigéria, Argentina e Venezuela.
Em suma, um mau sinal, já que há uma correlação comprovada entre agilidade de aprendizagem e alta performance.
Poucos líderes preparados
O mundo empresarial investe cerca de U$ 400 bilhões globalmente em programas de desenvolvimento, segundo o Training Industry Report. Nesse sentido, poucos líderes estão preparados para a velocidade que tanto os assombra.
Felizmente, em 2010, o Dr. Warner Burke, Professor Emérito de Psicologia Organizacional da Universidade de Columbia, especialista em liderança e transformação, desafiou um grupo de pesquisadores a criar uma fórmula. Consequentemente, essa fórmula seria usada para medir a agilidade da aprendizagem. O único requisito, segundo ele, é ter alta motivação para aprender.
Agilidade de aprendizagem não quer dizer inteligência cognitiva porquanto pesquisas mostram que inteligência é importante, mas não garante aprendizagem. Curiosamente, os “mais inteligentes”, podem ser pouco ágeis para aprender.
Avestruzes corporativas, o que é?
Ficam presos às suas próprias crenças e certezas, construídas ao longo de uma vida profissional. Afinal, acreditam que o sucesso conquistado no passado é suficiente para garantir o futuro. São avestruzes corporativos: enterram suas cabeças na areia do passado e fazem de conta que nada mudou. Enfim, a certeza de tudo saber elimina a sede de aprender.
Talvez o exemplo mais recente de agilidade de aprendizagem seja a pandemia. De uma hora para outra, absolutamente tudo mudou. Marcas icônicas como a locadora Hertz e a Pizza Hut pediram falência.
No Brasil, os pedidos de falência chegaram a 34,2% nos primeiros seis meses de 2020 em relação ao mesmo período de 2019. Por outro lado, o Magazine Luiza aumentou em cerca de 40% seus lucros, com a criação do Parceiro Magalu, plataforma digital que permite a trabalhadores autônomos abrir lojas virtuais e revender produtos da empresa.
Para Burke, o professor da Columbia, agilidade de aprendizagem é o grande diferenciador para as empresas deste século. Com base na sua pesquisa, ele criou um teste que mede que o nível de agilidade de aprendizagem das pessoas. Elas são:
Flexibilidade
Mover-se com fluidez entre as perspectivas, reconhecendo quando uma mentalidade ou crença deve ser abandonada por uma nova; mudar de posição em vez de ficar preso; rejeitar o que funcionou no passado para descobrir o que funcionará melhor no futuro; manter uma perspectiva do ambiente para saber quando o contexto mudou.
Rapidez
Compreender rapidamente uma nova situação e as variáveis em jogo; corrigir o curso sabendo quando algo está funcionando e quando não está; conseguir adquirir novos conhecimentos, habilidades ou aptidões de forma rápida.
Experimentar
Testar ideias e monitorar o progresso, coletando e analisando dados relevantes para a tarefa em questão; tentar coisas novas para ver se funcionam; comparar diferentes abordagens para encontrar a melhor.
Assumir riscos de desempenho
Enfrentar tarefas ou atribuições difíceis e desafiadoras; voluntariar-se para projetos com possibilidade de fracasso; tentar algo novo ou desconhecido em busca do sucesso.
Adotar riscos nas relações interpessoais
Tornar-se vulnerável pedindo ajuda, admitindo erros, apontando os erros dos outros ou tendo conversas difíceis, que coloquem em risco os relacionamentos.
Colaborar
Trabalhar regularmente com outras pessoas para obter uma perspectiva diferente em uma tarefa; criar projetos de trabalho interdependentes; pedir a opinião de outras pessoas para cooperar em tarefas.
Reunir informações
Participar regularmente de cursos, ler publicações relevantes, como blogs, revistas e jornais profissionais; participar de eventos profissionais e reuniões de networking.
Pedir retorno a terceiros
Pedir a opinião de outras pessoas sobre seu desempenho no trabalho; fazer perguntas durante a execução de uma tarefa para garantir que você esteja no caminho certo.
Refletir
Reservar um tempo para considerar o trabalho realizado, analisar o que deu certo e o que não deu, seja sozinho ou coletivamente; revisar eventos do passado para considerar como as coisas podem ser feitas no futuro.
A boa notícia é que a agilidade de aprendizagem é algo que pode ser desenvolvido, contanto que se queira.
O Brasil precisa urgentemente de agilidade de aprendizagem. Todos dependemos disso.
Por Silse Martell, jornalista e mestre em psicologia organizacional pela Universidade de Columbia, fundadora do Smart Group, sócia da Burke Assessments, conselheira e sócia da Leve Saúde.
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