Quando a segurança vira custo: uma reflexão filosófica sobre acidentes de trabalho
Um trabalhador cai de um telhado na zona sul de São Paulo. A corda de segurança se rompe, e sua vida termina em segundos. A cena, que poderia ser apenas uma fatalidade, se repete todos os dias em obras por todo o país, compondo o cenário alarmante dos acidentes de trabalho e revelando algo mais profundo do que falhas técnicas: uma escolha coletiva.
Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, os acidentes de trabalho no Brasil cresceram de forma contínua nos últimos três anos: 12,6% entre 2021 e 2022, 11,9% no ano seguinte e mais 11,1% em 2024. Só em 2022 foram mais de 612 mil notificações e 2,5 mil mortes. Números que não são estatísticas abstratas, mas histórias interrompidas de pais, mães, filhos e amigos.
Como engenheiro, sei que as soluções existem: normas técnicas, equipamentos de proteção, fiscalização. Como filósofo, sei que o problema vai além da técnica: trata-se de um dilema ético. A cada contrato firmado apenas pelo menor preço, a cada improviso que substitui o planejamento, a cada responsabilidade assumida no papel mas não na prática, uma decisão está sendo tomada — e ela não é neutra.
Na década de 1930, durante a construção da Golden Gate Bridge, o engenheiro Joseph Strauss inovou ao instalar redes de proteção sob a ponte e exigir capacetes. Dezenove vidas foram salvas. O custo adicional foi menor do que o valor incalculável da vida humana. Essa escolha transformou a história da engenharia, provando que segurança não é custo, é princípio.
Cada escolha técnica também é uma escolha moral
O filósofo Hans Jonas dizia que a responsabilidade é o núcleo da ética moderna: agir prevendo as consequências para a vida e para o futuro. Quando uma empresa decide cortar investimentos em treinamento, fiscalização ou acompanhamento técnico, ela faz o oposto: transfere o risco para o trabalhador mais vulnerável. A queda não é apenas física; é moral.
A engenharia já mostrou que caminhos mais seguros são possíveis. Mas é preciso que as empresas, gestores e contratantes compreendam que cada decisão orçamentária é também uma decisão ética. Quando a vida humana entra na planilha, não há margem de negociação.
Por isso, a pergunta que fica não é apenas “como evitar acidentes?”, mas “qual é o valor que damos à vida em nossas escolhas diárias?”. Talvez a resposta não esteja apenas nos manuais técnicos, mas na coragem de assumir que cada obra, cada serviço e cada contrato são também exercícios de filosofia aplicada: ou reforçamos o compromisso com a vida, ou repetiremos tragédias que já poderiam ter sido evitadas há quase um século.

Por Pedro de Medeiros, filósofo formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, engenheiro mecânico pela PUC e pós-graduado em Gestão de Pessoas, consultor de multinacionais, palestrante e escritor.
🎧Ouça o Episódio 209 do Podcast RH Pra Você Cast:
"Gestão de saúde nas empresas: O que não pode mais ficar de fora das políticas de bem-estar"
Nos últimos anos, as empresas brasileiras passaram por mudanças significativas na promoção do bem-estar. Essa transformação foi essencial para melhorar a qualidade de vida dos profissionais e fortalecer o engajamento no ambiente corporativo.
Para que saúde e bem-estar se tornem parte da cultura organizacional, é fundamental ir além de iniciativas isoladas. Assim, políticas bem estruturadas, programas estratégicos e benefícios eficazes são essenciais para gerar impactos reais no negócio e na vida dos colaboradores.
Estratégias para implementar programas de bem-estar
Para fomentar um ambiente saudável e produtivo, as empresas devem investir em ações concretas. Dessa forma, algumas estratégias incluem, por exemplo, a promoção do bem-estar dos colaboradores. Além disso, é essencial incentivar a comunicação aberta entre equipes, o que, por sua vez, fortalece o espírito de colaboração.
Do mesmo modo, adotar práticas de reconhecimento e valorização do trabalho contribui para um clima organizacional positivo. Por outro lado, é importante estabelecer metas claras e realistas, garantindo que todos tenham um direcionamento adequado. Em suma, ao implementar essas iniciativas, a empresa cria um ambiente mais equilibrado e eficiente:
- Incentivo à saúde mental e física por meio de programas personalizados
- Criação de espaços que promovam interação e qualidade de vida
- Educação e treinamentos voltados à conscientização sobre bem-estar
RH Pra Você Cast: conheça as melhores práticas
O RH Pra Você Cast traz insights valiosos sobre o desenvolvimento de programas de bem-estar corporativo. Ademais, neste episódio, o CEO do Wellhub, Ricardo Guerra, compartilha sua experiência sobre a implementação de iniciativas eficazes.
Descubra como criar estratégias que impactam positivamente os colaboradores e elevam a produtividade. Além disso, confira o episódio e explore as melhores práticas para transformar o bem-estar em um diferencial competitivo!
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