Fazer gestão de pessoas é algo olímpico
Assim como equilíbrio, precisão e sensibilidade são essenciais para alcançar o objetivo numa prova de ginástica artística, também se mostram imprescindíveis diante dos desafios do cotidiano de um gestor.
Observando o quanto esse atleta precisa dominar cada movimento, cada salto e cada aterrissagem para ser o mais assertivo possível, percebo o quanto é relevante um gestor encontrar o ponto entre demandas e pessoas, sem perder a harmonia entre essas duas forças.
É um jogo de equilíbrio
Nesse jogo de equilíbrio, algumas falhas podem comprometer o desempenho, exigindo do gestor um olhar atento e uma escuta apurada.
Não é por acaso que 59% dos líderes brasileiros apontam a gestão de pessoas, processos e cultura como o principal desafio de 2024, de acordo com o Relatório Visão 2024: Negócios no Brasil.
Assim como dominar uma metodologia ou uma tarefa requer tempo e dedicação, compreender as nuances de cada pessoa que compõe a equipe também exige paciência e empenho.
Conhecer quem está ao lado
Conhecer verdadeiramente quem são aqueles que trabalham ao nosso lado é um processo que vai além do superficial, que carece ser explorado com a mesma intensidade com que estudamos sistemas e ferramentas. Somente com investimento de tempo nessa descoberta é que a gestão se torna realmente eficaz.
Contudo, do mesmo modo como um treinador anota cada desempenho e evolução de seus atletas, o gestor também deve registrar suas percepções sobre o time. A gestão eficaz é construída com base em detalhes que, ao longo do tempo, se revelam peças fundamentais para o desenvolvimento de cada colaborador. Pequenas observações, aparentemente triviais, se acumulam nesse acervo de anotações e, com o tempo, formam um feedback valioso e assertivo.
Nesse processo, o hábito de registrar as observações diárias se torna uma prática indispensável. Vivemos em um mundo saturado de informações e estímulos, onde confiar apenas na memória para reter detalhes das interações pode ser arriscado.
O gestor precisa compilar suas anotações ao longo do tempo, criando um retrato detalhado, um retrato anotado de cada colaborador, para que o feedback seja fruto de fatos concretos e observações precisas.
Elaboração a médio e longo prazo
Essa elaboração é algo que se dá a médio e longo prazo. É relevante entender que o processo de conhecer as pessoas também possui sua curva de aprendizado, assim como temos com os sistemas e novas atividades.
Ao criar o hábito de olhar para além das tarefas e metas, enxergando o colaborador em sua totalidade, o gestor começa a desvendar talentos ocultos e a potencializar as habilidades de sua equipe.
Lembro-me de uma situação que exemplifica essa ideia de forma clara. Um colaborador, que estava convencido de que seu sucesso profissional dependia do mínimo contato possível com outras pessoas, acreditava que o caminho para sua carreira era se distanciar das interações interpessoais “não levava jeito para isso”.
Feedback
Ele havia recebido feedbacks que reforçavam essa visão, e suas experiências no ambiente corporativo até então confirmavam essa percepção. No entanto, em uma conversa aleatória, ele revelou que era técnico de um time de vôlei, onde desempenhava um papel de liderança com excelência, algo que contrastava completamente com seus pensamentos e postura no trabalho.
A partir dessa revelação, foi proposto um experimento: que encarasse seus projetos profissionais como se fossem o esporte que tanto amava; foi traçado o objetivo da modalidade como se fossem as metas do time.
As regras desse jogo foram claramente definidas e, subitamente, o trabalho ganhou um novo significado para ele. A paixão que ele nutria pelo esporte foi canalizada para suas atividades profissionais, transformando sua trajetória e redefinindo seu papel dentro da empresa.
Valorização de todos os aspectos da vida
Essa experiência ensinou que devemos valorizar todos os aspectos da vida do colaborador. No ambiente corporativo é essencial estar atento a todas as habilidades que, por algum motivo, podem estar camufladas pelas demandas e pressões do cotidiano.
Talentos podem ser descobertos, lapidados e potencializados. A gestão, então, se torna um jogo de equilíbrio, onde o respeito pelas demandas e a atenção às pessoas caminham lado a lado, criando um ambiente de trabalho saudável e produtivo.
Nesse sentido, a gestão é uma jornada de estruturação contínua, onde cada pequeno detalhe conta, e onde o verdadeiro desafio é encontrar o ponto de equilíbrio entre as exigências do trabalho e as necessidades das pessoas.
Outra regra de ouro que deixo aqui para um salto olímpico na sua gestão é: as demandas não podem prejudicar a vida de um colaborador e o contrário, também é verdadeiro.
Avaliar como cada um está (colaborador e demanda) pode trazer clareza onde direcionar a energia e atenção naquele momento. E assim, como numa prova olímpica, a conquista da medalha depende de um bom desempenho, que só é possível quando todos os elementos se alinham em harmonia.
Se jogamos no mesmo time, demandas e pessoas não podem ser adversárias para um gestor.
Por Letícia de Oliveira Alves, psicóloga nas áreas clínica e social, palestrante, Idealizadora e Gestora do Projeto Café com os Psicólogos que atuam no SUAS (Sistema Único de Assistência Social).
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Capa: Depositphoto