Reflexos da falta de gestão de horas extras na saúde mental do colaborador

O mercado e a pandemia aceleraram a transição do mundo VUCA, siga que, em inglês, quer dizer Volatility, Uncertainty, Complexity e Ambiguityé, traduzidos: volátil, incerto, complexo e ambíguo. O VUCA é uma ideia que teve origem na década de 1990 e foi utilizada para explicar a complexidade e as incertezas da situação geopolítica mundial.

Fazendo jus ao próprio conceito de ser volátil, a sigla passou por uma transição de “VUCA” para “BANI”. A sigla BANI significa Brittle, Anxious, Nonlinear, Incomprehensible – tradução livre: Frágil, Ansioso, Não-linear e Incompreensível, e nos pilares do mundo BANI.

Isso abre discussões no mercado sobre os profissionais estarem suscetíveis às incertezas da economia. É necessário aprender a trabalhar sabendo que o perigo está à espreita, o que rodeia as pessoas devido à ansiedade e medo que o atual cenário.

O questionamento que fica é: como uma empresa, que lida com o desconhecido do “final do dia na economia” consegue fazer organizações estruturadas, com planejamentos detalhados e de longo prazo? Por mais que seja necessário e possível, como lidar com o fato da incerteza na empresa ou replanejamentos atrelando-os às vidas das pessoas?

Nos tempos atuais, as pessoas buscam um propósito e um significado real em seus trabalhos. Ter um propósito profissional significa encontrar um sentido para o que você faz no seu emprego, e isso gera vontade, para ser produtivo, eficiente e realizado no trabalho. Trabalhar por um propósito vai muito além de encontrar um trabalho que vá trazer uma renda satisfatória para o colaborador e sua família, é trabalhar por algo grandioso, como uma oportunidade de transformar pessoas.

Mesmo trabalhando com propósito e dentro da realidade de que “as pessoas precisam pagar suas contas”, é necessário considerar que a pandemia causou impactos na vida pessoal e profissional das pessoas. Estes reflexos vão desde o comprometimento de horas que seriam dedicadas à família e ao lazer até à mudança na rotina de trabalho e na vida.

Além de transformar os fluxos nos locais de atuação, a pandemia também alcançou os lares e a saúde mental dos profissionais. Assim, o que antes poderia ser algo positivo e prazeroso, diretamente conectado com a vida das pessoas, pode ser um ponto de atenção, se não for considerado e trabalhado.

Quase 60% dos profissionais empregados se sentem sobrecarregados com o excesso de trabalho nos últimos meses, segundo um levantamento realizado pela Robert Half, a pedido do Valor, no final do ano de 2020. Muitas empresas, devido à redução de demandas, desligaram colaboradores no período da pandemia e os que ficaram absorveram mais trabalho.

Devido às consequências da jornada excessiva de trabalho, é essencial resguardar o bem-estar do colaborador, e ainda, considera que isto é algo que é amparado por leis. O Direito Tutelar prevê regras atinentes à proteção da saúde dos empregados e o que é relativo ao meio ambiente do trabalho, uma vez que o meio ambiente de trabalho sadio, e aqui entenda-se o que preza, também, pelo regramento de jornada de trabalho, trata-se de um direito fundamental e já previsto em nossa Constituição Federal.

Para que a aplicação dos princípios basilares do Direito do Trabalho sejam efetivas, e além de obedecer as leis que preveem direitos à qualidade de vida, não se pode fechar os olhos para seu desenvolvimento dentro do contexto social e econômico.

Como empresários ou profissionais da área de pessoas, não podemos deixar de falar que a legislação trabalhista determina vários limites com relação à jornada de trabalho, e que eles, se mal administrados, são motivos de frequentes processos trabalhistas. A CLT prevê sobre o limite máximo de duas horas extras diárias, o que constantemente não é cumprido pelas organizações, criando uma enorme quantidade de processos na justiça.

A jornada de trabalho jamais pode afetar a saúde do colaborador, assim como diminuir sua qualidade de vida ou fazer com que ele perca o convívio familiar e social – este é um direito previsto pela Constituição Federal. Trabalhar horas extras afeta o desempenho e a produtividade dos colaboradores de maneira negativa.


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Muito trabalho leva ao estresse e à fadiga, causando uma queda nas habilidades cognitivas o que levará a uma baixa na produtividade. Além disso, o estresse do excesso de trabalho não é saudável para nenhum membro da equipe, ele deixa a pessoa irritada e com menos concentração.

De acordo com pesquisas, longas jornadas de trabalho têm a mesma probabilidade de afetar a saúde mental e provavelmente estão relacionadas a menos tempo para relaxar e dormir. Trazer à tona a jornada de trabalho é colocar em pauta um dos temas que sempre foi motivo de reivindicação da classe trabalhadora.

É dever da empresa garantir aos empregados condições de trabalho que minimizem a ação de agentes agressores presentes no meio ambiente laboral, e isso engloba o controle e a fiscalização das horas laboradas, evitando que o colaborador trabalhe jornadas excessivas rotineira e incansavelmente.

Muitas mudanças econômicas, políticas e sociais provocam uma nova perspectiva de trabalho e das mudanças a que estão sujeitos os trabalhadores que, além das doenças e enfermidades já existentes, outras estão surgindo ocupando, inclusive, lugar de destaque no ranking das doenças que acometem os empregados.

A gestão de horas extras e a saúde mental do colaborador

Por Silvana Fernandes, Gerente de RH da Pontomais.

 

 

 

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