Nos dias 17 e 18 de junho, o Expo Center Norte, em São Paulo, recebeu a maior edição já realizada do Universo TOTVS, evento que apostou na combinação entre marketing, RH e tecnologia para atrair pessoas do Brasil inteiro para acompanhar quase 300 apresentações e uma série de ativações promovidas pela própria TOTVS e pelas marcas parceiras.

Para 2025, uma das principais novidades do evento foi o Mundo Pessoas. Com atrações divididas entre os espaços “Classe RH”, “Palco RH” e “Track - RH”, os profissionais de Recursos Humanos presentes tiveram acesso a um cardápio recheado com debates sobre os temas mais atuais que movem a rotina - e o futuro - da área.

O RH Pra Você esteve presente no evento e traz alguns dos principais destaques dos dois dias de evento. A seguir, confira o que rolou de melhor no primeiro dia.

Construindo o futuro com a sabedoria ancestral

Embora o evento, como um todo, tenha tido a tecnologia como tema principal ao longo das apresentações, a diversidade de conteúdos não passou despercebida.

Abrindo as atrações do Palco RH, Benilda Brito (capa), Griô na Múcua Consultoria, teve plateia cheia para uma palestra que propôs uma profunda reflexão sobre o papel das organizações – e especialmente do RH – na construção de ambientes verdadeiramente inclusivos. Com uma fala contundente, ela destacou que "não existe neutralidade diante do racismo. Se você não se posiciona contra, você está se posicionando a favor."

Benilda abordou o avanço do uso da Inteligência Artificial nos processos seletivos, mas trouxe um alerta: a tecnologia carrega as intenções de quem a programa. "Muitos profissionais de RH utilizam a IA na seleção. Mas quem organiza? Quem planeja? E com qual interesse?", questionou. “A IA também pode ser usada para exclusão”.

Ao mesmo tempo, ela salientou o potencial positivo da IA quando utilizada de forma consciente, citando, por exemplo, projetos que recriam rostos de pessoas negras do passado, cujas imagens não foram registradas em fotos, mas somente nas descrições feitas pelo abolicionista Luiz Gama. "Isso é fundamental para nossa ancestralidade”.

Outro ponto trazido pela palestrante foi uma crítica à ilusão de avanços automáticos em direção aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: "Não adianta os 5 Ps da Agenda 2030. Não conseguiremos mudar isso até lá, porque os dados da desigualdade ainda não estão mexidos. Nossas oportunidades são muito dolorosas. Vivemos uma 'dororidade' [um conceito que destaca que, em uma sociedade racista, as oportunidades são feitas de dor]”.

Ubuntu

Inspirada nos princípios do Ubuntu — filosofia africana baseada na interdependência e no reconhecimento da humanidade do outro — Benilda propôs uma nova perspectiva para o RH: a ritualização. Na Múcua, as práticas de recrutamento incluem ritos como a "chegança", um momento em que candidatos compartilham suas histórias de vida.

"Para o RH, é conhecer a história e entender que a meritocracia é um discurso falso. Ritos de direção, acolhimento, de comemorar junto são importantes. Mais do que resultados, o RH está lidando com pessoas, com histórias, com trajetórias”, pontuou.

Filosofia Ubuntu

Segundo ela, a liderança também precisa assumir seu papel de forma ativa: "A liderança tem que se posicionar, estar atenta, dar feedback. Mas o RH é importante como porta de entrada para que nós, pessoas pretas, conquistemos o nosso espaço."

Ao propor a ritualização do RH, Benilda defende resgatar o sentido profundo do trabalho com pessoas: o de construir caminhos com propósito, sensibilidade e responsabilidade.

Do bem-estar às vendas: como as emoções e a hiperexperiência estão revolucionando o mercado

A diversidade dos conteúdos do Mundo Pessoas trouxe, inclusive, assuntos não tão diretamente ligados ao RH, mas que podem expandir os horizontes dos profissionais do segmento. Se entender as emoções das pessoas é um diferencial tão importante para marketing e vendas, áreas de foco da apresentação de Ana Coelho, Head de Soluções em Vendas e Relacionamento com o Cliente na Crescimentum, tal compreensão também pode ampliar o relacionamento e o viés estratégico do RH e das lideranças com os times.

De início, Ana trouxe uma provocação central que foi a condutora de sua apresentação: nossas decisões de compra são muito menos racionais do que acreditamos. "Quando falamos em critérios de escolha para se comprar algo, a maior parte das nossas escolhas está ligada a como nos sentimos", afirmou. Exemplo disso é a decisão aparentemente ilógica de pagar mais caro por um corte de cabelo, apenas porque aquele ambiente ou profissional desperta boas sensações.

Uma vez que há estudos que afirmam que 95% das decisões de compra são emocionais, é destacado que isso está profundamente conectado com as experiências que vivemos. "Tudo o que vivemos gera gatilhos em nossa mente para nos aprofundarmos ou distanciarmos das marcas. Fujo de lojas que me geraram experiência negativa. Mas se me gera sentimento de inclusão e pertencimento, eu consumo aquele produto", explicou a executiva.

Ana também chamou atenção para transformações recentes no comportamento das novas gerações. "As pessoas estão mais conectadas, mas carentes de sentido", disse, citando alguns dados de muita relevância: 24% da população mundial se declara solitária, enquanto 66% dos jovens da Geração Z e Alpha afirmam que passar tempo com amigos é seu principal objetivo na vida. Esse contexto, segundo ela, alimenta um novo fenômeno: "Esse sentimento novo estimula um novo tipo de consumo. É a chamada economia da solidão."

No detalhe das emoções, até mesmo as negativas podem impulsionar o consumo, como mostrou ao citar o caso de venda maciça da jaqueta associada a um crime nos EUA (o assassinato do CEO da UnitedHealthcare): "A raiva movimenta o consumo ao trazer a sensação de poder, transgressão ou ideologia."

Nesse cenário, entender as emoções do cliente se torna um diferencial competitivo. E a tecnologia pode ser uma aliada poderosa. "Seja qual for a emoção a ser despertada, preciso ter dados sobre meu cliente. E a IA pode ajudar a organizar os dados a favor do meu negócio, minha marca", elucidou.

Por fim, Ana defendeu que empresas precisam ir além da simples venda e pensar em experiências de marca que criem vínculos afetivos duradouros. "Pensar na experiência não é vender. É um marketing que cria no cliente uma lembrança positiva que será lembrada na hora do consumo. Experiência do cliente não é só tapete vermelho, cheirinho e música. Dá pra ir além."

Sync 2025

Utilização das IAs

Já que tecnologia e IA foram os principais assuntos do momento, é claro que também estão entre os nossos destaques do primeiro dia. Em entrevista coletiva, Dennis Herszkowicz, CEO da TOTVS, apresentou um estudo inédito realizado pela TOTVS em parceria com a h2r insights & trends. Intitulado “Panorama IA nas empresas brasileiras”, o material revelou que 50% das empresas brasileiras não utilizam Inteligência Artificial de maneira estruturada. Ainda assim, todo o potencial da IA é reconhecido e já faz parte da otimização de tarefas, redução de tarefas e auxílio para melhorar a tomada de decisões.

De acordo com o estudo, no recorte das companhias que fazem uso das IAs, a maioria (58%) ainda está em estágio inicial de implementação. 34%, por sua vez, estão em nível intermediário – ou seja, com iniciativas em andamento, mas ainda não totalmente maduras. Somente 8% consideram a sua adoção de IA corporativa avançada.

Dentre os pontos levantados pelo estudo, vale destacar também os fatores de maior utilização da IA. Os profissionais respondentes, de 194 empresas de diversos setores, têm as seguintes preferências de uso:

  • Geração de conteúdo (33%);
  • Criação de elementos visuais (29%);
  • Uso da IA como ferramenta de cibersegurança (21%);
  • Chatbots de atendimento (20%).

Quando questionados sobre os tipos de soluções de Inteligência Artificial utilizadas, 40% salientaram ferramentas de IA conversacional, como ChatGPT, Gemini e Claude. Na sequência, estão as plataformas com IA integrada (33%).

A adoção nem sempre é tão simples

A ainda “imaturidade” na estruturação do uso das IAs pode ser explicada por uma série de fatores. Segundo o levantamento, preocupações com segurança (36%), falta de profissionais qualificados (35%) e a própria dificuldade em medir o retorno sobre o investimento (32%) compõem o top 3 do ranking. Preocupações com a resistência dos funcionários à mudança (24%), dificuldade de integração com sistemas existentes (23%) e falta de apoio da liderança (23%) também merecem atenção.

Para o CDAIO da TOTVS, Cristiano Nobrega, não adianta implementar IAs ao dia a dia das empresas por modismo. É preciso estratégia e organização. “Antes de implementar soluções de Inteligência Artificial, é essencial que as empresas avaliem se estão realmente prontas para isso. Ter sistemas de gestão atualizados é o primeiro passo, mas a infraestrutura também faz a diferença, as plataformas e tecnologias das empresas precisam estar em nuvem”.

Nobrega acrescentou que, para o sucesso da implementação, há ainda mais um passo: investir na organização e qualidade de dados, “já que a IA depende diretamente dessas informações para gerar valor”.

Tecnologia para os RHs

Já que o Universo TOTVS trouxe, pela primeira vez, o Mundo Pessoas, nada mais justo do que entender mais a fundo o que a empresa vem fazendo pelos profissionais de RH. Finalizando o primeiro dia de evento, batemos um papo com Robson Campos, Diretor da Plataforma RH da TOTVS, que nos trouxe detalhes sobre como a marca atua na rotina dos gestores de pessoas.

Ao trazer um overview da plataforma, Campos destacou diversos pontos, começando pela diversidade do portfólio. Segundo ele, toda a cadeia de Recursos Humanos está envolvida nas soluções oferecidas ao mercado.

“Gosto de começar pelo que considero o ponto mais importante, que é o processo de trabalhar a perspectiva do employer branding. Toda a nossa atuação dentro do RH estratégico tem início neste cenário de apresentar quem é sua empresa, qual é sua cultura, quais são os valores e por que tudo isso é importante para o mercado e para as pessoas na organização. É quando você começa a atrair as pessoas que combinam com a sua empresa. A partir daí, é trabalhada toda a perspectiva do recrutamento e seleção na parte de ATS (Applicant Tracking System), o software que gerencia esse processo.”

Robson Campos

No campo de R&S, Campos ressaltou que existe a utilização de IA com filtros referentes somente às habilidades e necessidades presentes na oportunidade, para que não haja vieses que impactem negativamente na acessibilidade das vagas e no fit cultural. Todo o processo pode ser ajustado pelos RHs para que direcionem da melhor forma a IA.

Na sequência, o diretor trouxe a admissão à tona. “Se você faz um recrutamento fluido e consistente, mas trabalha uma admissão na qual a pessoa tem que se deslocar para levar documentos, você gera uma fricção no processo. A admissão digital também é um movimento importante para que haja o entendimento de como funciona a empresa”.

Por fim, o diretor da TOTVS manifestou que a utilização de IAs está presente em todas as soluções, tornando-as mais completas, competitivas e adequadas à realidade de empresas de todos os portes e RHs em diferentes níveis de maturidade tecnológica.

“E então vem toda uma cadeia de produtos que atua em capacitação, avaliação de desempenho, feedback, PDI, toda a parte de carreira e sucessão e todas as ferramentas de engajamento no geral. Tudo isso lastreado por um conjunto de produtos que atuam na parte de planejamento, ponto, acesso, folha de pagamento, pesquisa de clima”, compartilhou. “A IA permeia todo esse cenário e tudo isso coloca na mão dos nossos clientes a melhor solução de RH, garantindo a melhor experiência para os colaboradores.”