Todo mundo alguma vez já adquiriu um produto pela sua aparência e depois se decepcionou com o conteúdo. Dessas experiências, surgiram muitos ditados e um dos mais famosos é: “As aparências enganam”.

No âmbito profissional, essa frase quase não é pronunciada, pois parece ter sido feita para as relações pessoais, mas a verdade é que ela se encaixa muito bem no dia a dia corporativo. Todos os gestores de RH já conhecem bem os termos engajamento e satisfação, mas, na prática, eles são pouco diferenciados.

Um colaborador pode estar engajado, porém, não satisfeito. Bem como ele pode estar satisfeito, mas pouco engajado. Notem que o verbo “estar” se repete em ambas as frases, pois tanto o engajamento quanto a satisfação são, na realidade, um estado emocional e, como tal, mutável.

Apesar de terem significados diferentes e acontecerem de maneira independente, a satisfação e o engajamento se complementam. Enquanto um profissional engajado tem maior probabilidade de estar satisfeito, quem está satisfeito também tem mais chances de melhorar seu engajamento.

Assim, a satisfação depende do contexto para que seja considerada positiva ou não. Um funcionário pode estar satisfeito porque os benefícios que a empresa oferece são bons ou porque o horário é flexível e ele tem mais tempo livre para se dedicar aos seus projetos pessoais ou passar com os familiares. No entanto, se ele não tiver motivos para vestir a camisa, dificilmente ele se tornará engajado, apenas cumprirá suas tarefas.

Por outro lado, é comum encontrar profissionais que parecem estar completamente engajados, ou seja, que vão além das expectativas e fazem mais do que suas atribuições sem que sejam solicitados a isso, mas que, por outro lado, não sentem bem-estar e satisfação pessoal ou profissional pelas realizações ou, ainda, não se sentem reconhecidos. Fazem porque sentem que é o que esperam dele, mas não alcançam a satisfação plena.

Um estudo realizado pelo Kelly Global Workforce Index em 31 países revelou que 55% dos trabalhadores buscam um outro emprego, mesmo dizendo-se felizes em suas colocações atuais. Essa avaliação demonstra que as empresas talvez estejam empregando muito esforço em estimular o engajamento, mas pouco em realmente acompanhar essas metas e, principalmente, implementá-las continuamente.

As tecnologias especialmente projetadas para as necessidades do RH permitem preencher esse gap, que é o acompanhamento de indicadores que transmitem informações relevantes sobre cada ação inerente ao departamento, que deve ser avaliada não só como mero cumprimento dos aspectos burocráticos legais, mas como indícios importantes do bem-estar da equipe.

Os dashboards ou interfaces de apresentação geram gráficos e KPIs (indicadores de performance) que medem o grau de produtividade e desempenho por meio de diversas variáveis, desde o simples registro de ponto até as paradas produtivas, atrasos, faltas e treinamentos concluídos. E são essas sutis alterações de comportamento que, muitas vezes, são os primeiros sinais de que algo não está indo bem.

Um número muito alto de colaboradores ainda está pouco engajado ou totalmente desengajado e as consequências disso não ficam evidentes apenas dentro da empresa, mas refletem na experiência entregue ao cliente. Um estudo recente do Instituto Gallup mostrou que as empresas que possuem funcionários engajados lucram 21% mais do que aquelas que não tratam esse tema como prioridade.

A satisfação e o engajamento devem ser sustentáveis, ou seja, perpetuar durante todo o ciclo de vida do colaborador. Não é eficaz promover ações pontuais que melhorem a satisfação e o engajamento e não ser capaz de manter os resultados por mais do que algumas semanas.
Um colaborador é um capital humano, logo, está sujeito a variáveis externas que também podem interferir na sua produtividade. Contudo, esse não é um indício de que sua capacidade de realizar tenha diminuído. Talento e personalidade são intrínsecos ao ser humano, eles só precisam ser constantemente regados e alimentados de acordo com os pontos positivos.

Por Paulo Oliveira, Coordenador de Marketing da Apdata