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Ainda existem empresas dos sonhos?
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15/05/2023
4min leitura
Analista de Sistemas de uma pequena startup carioca, Lucas Nestor, 31, se define como “enfim, talvez, realizado”. Sua jornada de trabalho é flexível, o escritório é uma pequena mesa ao lado da janela do quarto e o salário, apesar de não ser o maior já recebido, garante o conforto necessário.
Quem vê sua realidade atual, mal sabe que, mesmo jovem, seu currículo é preenchido por algumas das principais empresas de tecnologia instaladas no Brasil. Dono de conhecimentos bastante específicos na área de TI, Nestor nunca teve problemas para encontrar emprego, inclusive nas companhias que, para ele, eram vistas como verdadeiros sonhos profissionais.
E o cenário era de sonho mesmo. Em sua última experiência, ganhava um salário acima da média do mercado. Sobre os benefícios, que iam desde assistência médica até um vale alimentação bem recheado, não havia do que reclamar. O bônus? Um verdadeiro tesouro. Os colegas de trabalho, por sua vez, eram bastante prestativos.
Todavia, a realidade, cedo ou tarde, bate à porta. O sonho do profissional de TI esbarrava em dois problemas nada incomuns no mercado de trabalho: um ritmo de trabalho enlouquecedor – que chegava a 16 horas por dia – e uma liderança ruim, que aumentava a pressão. Resultado: Burnout, quadros intensos de ansiedade e, o que foi a gota d’água para mudar a forma como enxergava o mercado, sua presença em uma demissão coletiva, destas recentes que vêm chamando atenção nas grandes empresas de tecnologia.
“É um sentimento difícil de explicar. De fora, nos encantamos com as empresas por conta do salário que oferecem, dos benefícios. Almejamos aquilo, queremos estar ali. Só que, com o tempo, você começa a entender que por trás do nome e do tamanho de algumas empresas, o preço pago é a saúde de muita gente”, diz. “Estou, hoje, em uma empresa pequena, longe do glamour do alto salário, mas com meu emocional muito melhor. Não acredito mais em ‘empresas dos sonhos’, mas em equilíbrio, em bem-estar. Não abro mais mão disso”, acrescenta.
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