Muitos dos desafios pelos quais passamos estão, de um modo ou de outro, associados ao trabalho. Vivemos em um mundo que nos exige uma produtividade, na maioria das vezes, além das nossas capacidades. O excesso de trabalho – e o estresse causado –, então, é um fator que está associado a um mal maior: o Burnout. Muitas pessoas podem não se dar conta de que a síndrome também pode estar relacionada a outro problema muito comum no ambiente corporativo: o vício em trabalho (workaholism). De acordo com uma pesquisa da Clockify, entre 27% e 30% da população global se identificam como workaholics. “Há motivadores internos, como a busca por reconhecimento, o perfeccionismo e o excesso de autocrítica, que podem manter os profissionais presos em padrões de comportamento prejudiciais, na tentativa de manter o controle, evitar erros ou provar o seu valor por meio do trabalho. Há também fatores externos, como o acesso constante a e-mails e mensagens profissionais, que dificultam a separação entre o período de trabalho e as horas livres”, explica Thais Requito, consultora, especialista em mindfulness e produtividade sustentável pelo Centro de Mindfulness de Oxford. RH TopTalks

Tire o workaholism da sua agenda para 2025

Para Luciana Lancerotti, ex-CMO da Microsoft e fundadora e CEO da Gestão e Design de Impacto, essa sensação está relacionada à pressão para entrar no mercado de trabalho, se manter no emprego e ter dinheiro para se sustentar. “Esse é um pensamento sobre a questão da educação financeira, que muitos de nós, ou a maioria de nós, não tivemos. Então, essa dependência que eu falo é: como vou sair de uma empresa, do meu trabalho, se eu dependo do meu salário, dos benefícios que eu tenho ou de qualquer outra relação nesse sentido do ‘ter’?!”, diz. Pensando em uma vida mais plena neste ano que está para começar, as especialistas compartilham, com base em suas experiências, dicas para levar uma vida mais sã no dia a dia corporativo.
  1. Dedique-se a outras funções ou atividades. “Algo que me chama a atenção é a falta que as pessoas têm de outras atividades para fazer. Por exemplo: um hobby, preferir trabalhar home office por gostar de viajar, ter vontade de constituir uma família ou se dedicar a um segundo emprego, como dar aulas. Acho que essas coisas nos ajudam a não ficar totalmente dependentes do trabalho”, opina Luciana.
  1. Não abra mão dos diálogos. “O esgotamento pode tornar o indivíduo emocionalmente indisponível para seus relacionamentos, impactando negativamente a intimidade e a comunicação. Para interromper esse ciclo, é fundamental investir em conversas honestas e empáticas, cultivar momentos de presença genuína por meio de práticas como atenção plena, e buscar apoio profissional quando necessário”, sustenta Thais.
  1. Não dê margem às incertezas do trabalho. “Eu acredito que a incerteza com que a gente tem trabalhado, aliada à velocidade, tem realmente estressado demais as pessoas. Mas, se eu tivesse que ressaltar um ponto, é o excesso de crítica e julgamento que as pessoas têm sofrido. Precisamos voltar a acreditar que a melhor pessoa está naquela posição e que devemos confiar a ela a tomada de decisão e o porquê de ela estar trazendo determinada perspectiva. Sinto que temos gastado muito tempo tentando argumentar, tentando ter razão, ao invés de confiar no outro e falar: ‘É o melhor que cada um de nós pode dar’”, relembra a designer de impacto.
  1. Trabalho não é tudo na vida. “É importante estabelecer limites saudáveis, metas realistas e horários fixos para começar e terminar o expediente, desconectando-se totalmente dos assuntos relacionados ao trabalho fora do horário profissional, sempre que possível. Introduzir períodos de pausa e incorporar práticas de atenção plena no dia a dia ajudam a evitar e identificar sinais de sobrecarga antes que o esgotamento aconteça”, ensina a especialista em mindfulness.
  1. Busque equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. “Não acredito que seja apenas uma habilidade de gerenciar o tempo, para mim é uma consciência mais profunda de que nossas vidas são integradas, não existem compartimentos separados. O exercício é constante e pede muita determinação: escolher prioridade e definir limites. Fácil não é!”, elucida Luciana.
Pesquisa: O Panorama da Transição de Carreira no Brasil Thais finaliza dizendo que é importante empresas e profissionais respeitarem o tempo de recuperação de quem enfrenta o Burnout, uma vez que a síndrome, assim como outras condições que impactam o lado mental, depende de uma série de fatores para ser efetivamente superada.  “O processo de tratamento e recuperação do burnout requer tempo, mudança de hábitos, estilo de vida e mentalidade. Além disso, é preciso estabelecer metas e desenvolver estratégias mais habilidosas na gestão dos eventos estressores. Treinamentos baseados em mindfulness comprovadamente contribuem para a redução do estresse, melhora na regulação emocional e na criação de uma relação mais saudável com o trabalho.” Por Redação