Quem nunca teve alguém que nos orientasse em algum momento da vida e nos apoiou em algum desafio ou alguma escolha?

Me lembro até hoje, quando tinha 12 anos, estudava em um colégio interno, na realidade um seminário de padres e havia o Padre Henrique que além de professor, era um amigo da garotada, procurado para conselhos, alguém que sabia ouvir e não era aquele tipo autoritário apenas dizendo o que era certo e errado.

Certa vez, estava intrigado porque uma das formas de nos pressionar e educar era usar o pecado como desculpa. Falar palavrão era pecado, desobedecer pai e mãe era pecado, chegar atrasado era pecado, brigar era pecado, não estudar era pecado… tudo era pecado e, claro, para um menino em uma escola religiosa, para o pecado, Deus castiga.

Conversando com o Padre Henrique, perguntei: – Padre, afinal o que é pecado? Sabia, pelos ensinamentos adquiridos que em princípio pecado era tudo que era contra os dez mandamentos, mas isso era muito genérico, pois não tinha a intenção de matar ninguém, nem tinha idade ainda para cobiçar a mulher do próximo, nem sabia direito o que era furtar, nem tinha noção do quer seria levantar falso testemunho.

Ele, na sua experiência e responsabilidade como educador, entendendo a minha intenção e conflito com esse tipo de pergunta, pensou um pouco e respondeu: – Pecado é aquilo que você fez e a sua consciência diz que não deveria ter feito. E acrescentou: – É também aquilo que você pretende fazer, mas sabe lá no seu íntimo que não deveria.

Me fez pensar muito, deu um nó na minha cabeça, porque imaginava ter um manual de instrução sobre o que era ou não pecado e agora, a responsabilidade passou a ser minha, com a minha consciência. Muita coisa mudou a partir dessa conversa e dessa experiência.

Naquele momento, com aquela conversa, aquele padre que era simples e gostava de conversar, sabia ouvir e tinha sabedoria, foi um mentor e sem saber, ajudou-me a fazer muitas escolhas e a tomar muitas decisões ao longo da minha vida.

Mentor é isso, alguém que nos serve de guia, que nos inspira, que nos orienta apoiando-nos para a realização de projetos, sonhos mudanças que pretendemos fazer em nossa vida pessoal ou profissional ou até nos ajudar a descobrir os nossos objetivos, a nossa vocação, o que nos é importante fazer.

A prática da “mentoria” é atribuída a Odisséia de Homero, escrita no século VIII a.C. Ulisses, rei de Ítaca, quando foi lutar na Guerra de Tróia deixou sua família sob os cuidados de Mentor, que acabou servindo de professor para seu filho. Desde então, mentor passou a ser sinônimo de alguém que compartilha sua sabedoria, conhecimentos e experiência com colegas menos experientes.

A exemplo de coachings, mentores passam a assumir um papel importante no contexto profissional, apoiando pessoas e organizações em seus reposicionamentos gerados pela pandemia do COVID-19, desenvolvimento de pessoas, mudanças de trabalhos e tantos outros objetivos.

Existe um projeto destinado a mulheres, coordenado por Edna Vasselo Goldoni, chamado Nós por Elas e tem como objetivo apoiar as profissionais em processos de crescimento profissional e transição de carreira. Houve já cinco versões de mentores e respectivas mentoradas e um número bastante significativo de participantes se engajaram nesse projeto, não só por se tratar de um trabalho voluntário e benemerente, mas pela causa em si, levando em consideração as dificuldades de equiparação salarial e papeis de liderança exercido pelas mulheres em relação aos homens e tantos outros problemas de violência doméstica, feminicídios e outros aos quais as mulheres são submetidas.

Fui mentor nas cinco edições e nessa última, foram 280 mentores e 280 mentoradas, atingindo já em torno de 1.000 mulheres que tiveram a oportunidade de terem um mentor ou uma mentora para os seus reposicionamentos na vida, em especial relacionados à vida profissional.

Mentoria em comunicação verbal

À guisa de exemplo, vou contar a minha experiência como mentor em Comunicação, matéria principal da minha escola que existe há mais de 30 anos e treinamos mais de 100 mil pessoas e, de uns anos para cá, também atendendo como mentor de gestores, CEOs, profissionais em geral e até jovens que precisam de um impulso no aprimoramento de sua habilidade de comunicação ou estão diante de um desafio no qual a comunicação precisa ser rapidamente aprimorada.

Primeiro, o alicerce da nossa estrutura de mentoria é uma metodologia exclusiva, chamada Metodologia FALAR, compondo-se de várias etapas formadas pelo acróstico da própria palavra “Falar”: F de Finalidade, A de Análise, L de Lapidação, A de Avaliação e R de Resultado.

Do que se trata a Mentoria em Comunicação?

A mentoria em Comunicação, tem se mostrado a mais eficiente e eficaz forma de potencialização das habilidades comunicacionais dos profissionais que necessitam desse aprimoramento, face a alguma necessidade pontual ou uma preparação para uma evolução de carreira ou ainda o prepara para tornarem-se palestrantes profissionais.

Benefícios

Os benefícios que tenho observado nos participantes são os seguintes:

  • Segurança e naturalidade para falar com propriedade, técnica e desenvoltura em qualquer situação: reuniões, liderança, debates, entrevistas, vendas, negociações e apresentações em público.
  • Maior visibilidade e reconhecimento nos seus contextos de atuação profissional e pessoal.
  • Melhores resultados nas suas intervenções e solução de conflitos e criação de um clima organizacional positivo.
  • Maior satisfação pessoal na utilização consciente do seu real potencial, aproveitando as oportunidades de impactar e gerar transformação nos comportamentos e atitudes de outras pessoas.
  • Convites para proferir palestras e compartilhamento dos seus saberes em eventos que exigem profissionais com sua especialidade.

Esse trabalho é conduzido por mim, na minha empresa, embora tenhamos outros parceiros consultores que prestam outros tipos de mentorias, em conformidade com as suas especialidades.

Abrangência

A abrangência da mentoria considera abordagens psicológicas, tais como ter a devida e necessária segurança para falar em público, reforço da autoestima, comunicação corporal e vocal, roteirização, perpassando por recursos complementares como storytelling, comunicação não violenta, psicologia positiva, eliminação de vícios e cacoetes e outros recursos a partir das necessidades dos participantes.

Quem já fez

Tivemos, ao longo da nossa trajetória, presidentes e executivos de grandes organizações que desejavam brilhar em apresentações nacionais ou internacionais e sentiam-se limitados por falta de conhecimentos e recursos para transformarem suas falas e discursos em peças de oratória poderosas para inspirar, motivar, informar e gerar mudanças de atitudes e de comportamentos, além do fortalecimento das suas próprias imagens.

  • Gestores em ascensão profissional que necessitavam de autonomia para falar com segurança, objetividade e assertividade, quer seja diante da grande cúpula de suas organizações como em situações nas quais suas falas gerariam impacto na empresa e em suas próprias vidas.
  • Palestrantes ou propensos palestrantes que desejavam enveredar por esse caminho de ganharem a vida nessa atividade.
  • Coaches, Mentores, Consultores, Professores, Terapeutas e outros profissionais que precisavam oferecer e vender seus próprios produtos.
  • Líderes de associações diversas, como Rotary, Lions, Maçonaria, Associações Comerciais, Sindicatos, Clubes sempre sujeitos a fazer uso da palavra em público.
  • Políticos que necessitavam do aprimoramento da comunicação para situações de discursos, debates, entrevistas para a eleição e, principalmente, para sua atuação depois de eleitos.

Como a mentoria se realiza?

A exemplo de todo planejamento estratégico, a fase inicial começa com o sonho ou o objetivo, ou seja, a intenção de dar um salto, de fazer algo significativo e grandioso, base para todo processo de evolução e desenvolvimento. Nessa etapa se define o sonho, ou o objetivo, que na nosso metodologia chamamos de Finalidade.

Definida a finalidade, vamos à fase seguinte que é a Análise, momento no qual se faz toda uma varredura para saber os pontos fortes, fracos, as fraquezas e as fortalezas. É como se fosse uma bateria de exames para se fazer um diagnóstico para se definir o tratamento adequado a cada caso.

Define-se, então, um plano de ação, etapa por etapa e de posse desse projeto ou planejamento, parte-se para a ação, para o aprendizado, para os exercícios, para a transformação gerada pelo aprendizado, desaprendizado, reaprendizado para a conquista e a sedimentação em novos patamares de atuação.

A sequência demonstra o novo patamar e os resultados atingidos, é proposta a celebração da nova conquista e se define uma estratégia para um contínuo aprendizado e incorporação de novos conhecimentos e aprendizados advindos dos novos desafios e busca de novos saberes.

Há vários tipos de mentores e mentorados, em especial na gestão de conhecimentos, no repasse de informações, no aconselhamento profissional, em especial em situações nas quais importantes decisões são demandadas, por exemplo:

  • Novas possibilidades de trabalho
  • Está na hora de investir em um negócio próprio?
  • Devo aprender agora um novo idioma?
  • Qual estudo devo fazer? Quais as oportunidades que essa ou aquela profissão me oferecerá?

Uma observação importante é a que não cabe ao mentor definir o que deverá ser feito pelo mentorado, nem tomar decisões por ele, mas apoiá-lo a ter mais clareza e certeza nas suas escolhas e no desenvolvimento das habilidades necessárias para enfrentar os novos desafios.

Reinaldo Passadori, Professor de Oratória e Escritor, Mentor, fundador e CEO da Passadori Comunicação, Liderança e Negociação. Adaptação do seu livro ‘Quem Não Comunica Não Lidera’ – Ed. Passadori. É um dos colunista do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.