Quem trabalha com pessoas sabe bem que, paradoxalmente, o futuro sempre começa ontem. Então, como podemos equilibrar as demandas do presente e, ao mesmo tempo, nos preparar para as mudanças que estão batendo à porta para 2025? Aqui estão algumas tendências que vão impactar profundamente a área de RH, para você refletir e agir estrategicamente.

1. Inteligência Emocional na Era da IA: O Futuro é Humano

Deepa Vohra Bahl (coach, mentora e mediadora, e membra do ICF, Forbes Coaches Council) afirma que elementos humanos, como empatia, adaptabilidade e construção de relacionamentos, serão essenciais para o sucesso dos líderes. À medida que a inteligência artificial assumir muitas tarefas, a importância desses elementos aumentará. Portanto, desenvolver empatia, adaptabilidade e relacionamentos exige tempo. Além disso, é necessário refletir sobre as próprias emoções, entender como elas influenciam o comportamento e reconhecer seu impacto sobre os outros. Muitos executivos têm adotado o simples hábito de fazer um diário para ajudar a processar as emoções antes de responder, o que tem melhorado significativamente a sua autoconsciência, regulação emocional e tomada de decisão. Que tal adotar a incentivar essa prática em 2025?

2. A “Grande Desconexão”: a epidemia do desengajamento

Um estudo da Gallup de 2024 revelou que 69% dos trabalhadores brasileiros não estão engajados em seus empregos. A "Grande Desconexão" afeta não apenas os colaboradores, mas também os líderes de RH e a liderança organizacional, pois exige estratégias proativas para reconstruir a confiança, promover o diálogo aberto e criar um senso de propósito no local de trabalho. Deixar de abordar essa desconexão pode prejudicar a capacidade das empresas de atrair, reter e desenvolver os melhores talentos de forma eficaz, colocando em risco as metas estratégicas de longo prazo. Os líderes de RH devem se concentrar em abordar as causas raiz do desengajamento, como a baixa clareza de alinhamento entre o trabalho diário dos colaboradores e a missão ou propósito da empresa, canais de comunicação ineficientes e falta de oportunidades de desenvolvimento de carreira.

3. Transformação em Movimento: Liderando Mudanças Organizacionais

Você também teve a impressão de que, em 2024, a palavra “reorg” entrou para o dicionário da maior parte das empresas? “A fadiga da mudança” é uma forte tendência para 2025, e se refere à exaustão emocional, física e psicológica que os colaboradores vivenciam quando enfrentam mudanças organizacionais contínuas sem tempo suficiente para se adaptar ou se recuperar. Segundo o Gartner, esse fenômeno leva a um engajamento reduzido (35% dos colaboradores com fadiga são menos propensos a se sentir engajados) e até 44% dos colaboradores apresentam menor nível de segurança psicológica nestes contextos. Nas mudanças, líderes frequentemente limitam a comunicação de detalhes, levando equipes a criar suposições sobre possíveis cenários. Embora nem sempre possam controlar decisões ou reorganizações, eles podem gerenciar suas emoções, navegar pela transição e compartilhar informações de forma eficaz. Gestores de RH são essenciais como termômetros e influenciadores nesses processos.

4. A reinvenção dos programas de desenvolvimento de liderança

Apesar do investimento crescente em iniciativas de capacitação para liderança, os resultados permanecem aquém do esperado. Segundo pesquisa recente da Gartner, apenas 36% dos líderes de RH acreditam que os programas atuais são eficazes, enquanto 71% sentem que os líderes de nível médio não estão sendo desenvolvidos adequadamente. Os desafios são multifacetados. A sobrecarga de responsabilidades enfrentadas pelos gestores (75% relatam sentir essa pressão) limita seu tempo e capacidade de atuar como mentores eficazes. Além disso, as abordagens tradicionais de treinamento, muitas vezes focadas em teorias genéricas e desconectadas da prática diária, falham em criar um impacto duradouro. Portanto, a integração de experiências de aprendizado focadas em conexões entre pares e no aprendizado aplicado à realidade do dia a dia aparecem como soluções para esses desafios. O futuro do desenvolvimento de liderança exige uma abordagem mais humana e prática.

A Ambidestria: Cuidando do Presente enquanto se Constrói o Futuro

A ambidestria – essa capacidade de cuidar do presente enquanto se constrói o futuro, assim como desenvolver hard skills para lidar com a tecnologia e inteligência emocional  – é o que diferencia as empresas que se adaptam e prosperam das que ficam para trás. Como você, enquanto líder de RH, está preparando sua organização para o próximo capítulo em 2025? Andréa Dietrich, Cofundadora da Ambidestra, estrategista de transformação digital Linkedin Creator, podcaster e palestrante. Lilian Cruz, Cofundadora da Ambidestra, podcaster e speaker, consultora e mentora em estratégia, inovação e transformação. São colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.