O último artigo do ano não poderia deixar de abordar o tema que dominou nosso trabalho com os clientes da HSM e Singularity em 2024 e que, sem dúvida, será a principal agenda das lideranças em 2025: competências e desenvolvimento de talentos para navegar no contexto da inteligência artificial.  A revolução da inteligência artificial (IA) está em pleno curso, desafiando empresas e líderes a reavaliarem seu papel em um mundo onde máquinas são capazes de aprender, prever e até criar. No entanto, enquanto a tecnologia avança, há uma questão crítica que muitas organizações ainda não resolveram: como equilibrar talento humano e IA de forma estratégica? Como usar a tecnologia para amplificar, e não substituir as capacidades humanas?  Especialistas que passaram pelo palco do hsm+ 2024 e pelos programas e eventos da Singularity, como o AI Bootcamp e o Executive Program, convergem em um ponto: o futuro do trabalho exige uma simbiose eficaz entre inteligência humana e artificial. Resolver essa equação não é apenas um imperativo competitivo, mas uma responsabilidade que define a possibilidade de moldarmos uma sociedade mais justa, inovadora e resiliente.  No evento hsm+, o economista Marcos Troyjo destacou de forma brilhante que vivemos em uma era de "policrise", caracterizada pela interseção de desafios complexos e interconectados. No entanto, como ele enfatizou, a crise pode ser entendida como uma soma de caos e oportunidade. Como um otimista, prefiro sempre olhar para o copo meio cheio e acredito que, para as organizações brasileiras, esse contexto representa não apenas um desafio, mas uma chance única de usar a IA como uma aliada estratégica para enfrentar esses problemas multifacetados, enquanto investem no desenvolvimento e capacitação de talentos.  Precisamos, enquanto sociedade, estabelecer um novo contrato entre humanos e máquinas. Sandy Carter, autora e executiva de tecnologia, argumenta que "a IA é apenas tão boa quanto os dados e os humanos que a programam". Isso reforça que o talento humano continua sendo essencial, mesmo em um cenário altamente automatizado. A IA não funciona no vácuo; ela depende de treinamento, supervisão e orientação humana. Amy Webb, futurista renomada, vai além, destacando que as decisões que tomamos agora sobre o desenvolvimento e a integração da IA moldarão as próximas décadas. Segundo ela, "o talento humano não pode ser uma reflexão tardia em um mundo dominado por IA". Empresas precisam investir tanto no desenvolvimento tecnológico quanto no upskilling de seus colaboradores para evitar cenários distópicos de exclusão e desigualdade.  Scott Galloway, professor da NYU, ressaltou no palco do hsm+ 2024 que vê a revolução da IA como uma oportunidade para redefinir o propósito corporativo. Para ele, o verdadeiro diferencial competitivo será "a capacidade das empresas de unir empatia e tecnologia". Isso significa que os líderes precisam priorizar o desenvolvimento humano tanto quanto a implementação tecnológica. 
Minha reflexão para 2025 é clara: a equação entre talento e IA não é um problema a ser resolvido, mas uma oportunidade a ser construída. Estamos diante de um momento em que decisões estratégicas podem redefinir o papel das organizações não apenas como agentes de crescimento econômico, mas como catalisadores de transformação social. O compromisso com o desenvolvimento humano e a inclusão tecnológica deve ser inegociável. 
Para liderarmos essa jornada, precisamos de coragem para olhar além dos desafios imediatos, visão para imaginar novas possibilidades e responsabilidade para garantir que o impacto dessa transformação seja distribuído de forma equitativa. Em 2025, desejo que líderes brasileiros assumam esse protagonismo e percebam que o verdadeiro legado de suas organizações será medido não apenas pelo que criaram, mas também por como ampliaram o potencial humano em um mundo moldado pela inteligência artificial.  Reynaldo Gama, CEO da HSM, tem mais de 15 anos de experiência no mercado financeiro. Esteve à frente de uma das primeiras iniciativas de fomento ao empreendedorismo no Brasil: o Cubo Itaú. É um dos colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.