Sim #NãoVoltaremos!

Nossa matéria da edição de outubro p.p. do RH Pra Você será ratificada a curto prazo. Não precisaremos esperar uma centena de anos para alcançar a equidade racial no ambiente de trabalho em nosso País.

Por que? Citarei apenas 3 fatos. 

1º. Eleições nos Estados Unidos

Sem prognósticos, mas podemos, com certeza, identificar alguns reflexos positivos para a sociedade global e em nosso País.

Do discurso de posse, no dia 7 de novembro (1), em Wilmington, Delaware, Joe Biden, presidente eleito dos EUA, destacamos alguns pontos aplicáveis à qualquer sociedade que esteja tentando ter mais igualdade de direitos:

  1. Não dividir, mas unificar.
  2. Tratar oponentes não mais como inimigos.
  3. Restaurar a decência.
  4. Defender a democracia.
  5. Dar a todos uma chance justa.
  6. Construir prosperidade.
  7. Conseguir justiça racial.
  8. Extirpar o racismo sistêmico deste país.

Por outro lado, temos a força na fala de Kamala Harris: “Embora seja a 1ª mulher neste posto, não serei a última, porque cada garotinha que me vê hoje, vê que esse é um país de possibilidades” 

Kamala Harris, a primeira mulher negra, a primeira mulher de origem sul-asiática e primeira filha de imigrantes já eleita para um cargo nacional nos Estados Unidos (2).

Tais falas reforçam o que há muito falamos por aqui: trazer o interlocutor antagonista para a conversa, usar comunicação não violenta e deixar claro que não há certo ou errado e, sim, certo e errado, que na contradição trazem mais argumentos e enriquecem nossos repertórios para inferência e tomada de decisão.

Que cada membro das gerações mais jovens em nosso País também possa ver mais e mais pessoas que os representem, dignamente, sendo inspiração e  demonstração de  possibilidades. Que possamos repetir como Barak Obama em sua posse: Sim, nós podemos e na saída: Sim, nós fizemos.

A euforia natural por conquistas vindas de irmãos de outros países é válida, mas precisamos olhar mais para o nosso chão. Não podemos nos distanciar das questões que continuam, aqui, nos sufocando. Basta ler nossas últimas matérias publicadas no RH Pra Você. 

2º. Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH São Paulo) abre espaço, em seu 8º Fórum Inclusão da Diversidade, para abordagem da Inclusão da Diversidade Racial no ambiente corporativo

Tivemos a oportunidade de dialogar e entrevistar personalidades como a filósofa Ms. Djamila Ribeiro; Dra. Valdirene Assis – Procuradora do MPT; Profª Drª Maria Aparecida Bento – CEERT; Dr. Raphael Vicente – Faculdade Zumbi dos Palmares | Coordenador da Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial; Tom Mendes – ID_BR; Theo van der Loo – NatuScience; Patricia Brito-Knecht, Ana Santos e Luana Santos – Instituto Black Brazil Art, que não deixaram dúvidas em suas falas e expressões multiculturais de que o futuro é agora.

O tema “Afrofuturismo conectando a inovação à ancestralidade” provocou a reflexão sobre o conhecer para respeitar as verdadeiras histórias das pessoas pretas, afrodescendentes. Resgatar o que não nos foi contado; trazer o saber do povo africano, em todos os campos da ciência, tecnologia, cultura, deletado por séculos, impedindo-nos de entender o porque da aniquilação dos negros.

Existem várias definições sobre o afrofuturismo. Acatamos a todas, mas citamos a da Kênia Freitas, pesquisadora e crítica de cinema. Diz ela: “… Afrofuturismo como um movimento político e estético que explora narrativas de ficção especulativa a partir da perspectiva negra. Algumas vislumbram a possibilidade de novos futuros para a população negra, enquanto outras trabalham reelaboram o passado ou fabulam o presente”.

Para nós, afrofuturismo é um movimento sociopolítico de promoção da raça negra.

3º. Atitudes anunciadas frente ao temor das consequências da pandemia começam a se concretizar, via ações alicerçadas na equidade. “Dar a todos uma chance justa”

“Equidade consiste na adaptação da regra existente à situação concreta, observando-se os critérios de justiça. Pode-se dizer, então, que a equidade adapta a regra a um caso específico, a fim de deixá-la mais justa. Ela é uma forma de se aplicar o Direito, mas sendo o mais próximo possível do justo para as duas partes”

No Brasil, este princípio tem previsão legal na Constituição Federal, art. 5º, “caput”, inc. I, VIII, XXXVII e XLII, e 7º, inc. XXX, XXXI e XXXIV; bem como na Consolidação das Leis do Trabalho, artigos: 3º, 5º e 8º.

Ações Afirmativas são alternativas de materialização da equidade no ambiente corporativo.

 Sinais – Todos na mesma direção

“Não dividir, mas unificar. Tratar oponentes não mais como inimigos”

Equidade ainda que tarde - IMG I

A direção é a do antirracismo

Tenho por este meio de comunicação, RH Pra Você, oportunidade de fala. E, com muito orgulho, divido com todos que dialogam comigo a informação de inúmeras pessoas, não negras, que me dão como retorno, agradecimentos, por ter lhes propiciado a oportunidade de repensar valores e buscarem caminhos para a tomada de consciência. Caminho longo, solitário ou não, mas que tem como ponto de chegada a felicidade da descoberta de ter eliminado fardos ancestrais que não cabem mais em nosso ser.

(1) https://www.otempo.com.br/mundo/leia-a-integra-do-discurso-da-vitoria-de-joe-biden-como-presidente-eleito-1.2409758
(2) https://g1.globo.com/mundo/eleicoes-nos-eua/2020/noticia/2020/11/07/kamala-harris-faz-1o-discurso-como-vice-presidente-dos-estados-unidos.ghtml

Por Jorgete Lemos, sócia fundadora da Jorgete Lemos Pesquisas e Serviços – Consultoria. É uma das Colunistas do RH Pra Você. O conteúdo desta coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.