A presença da tecnologia tem afetado as relações das pessoas e também a forma como as pessoas se relacionam com o seu trabalho. Há muito que a tecnologia pode fazer e ainda há muito que nós precisamos fazer para alimentar essa tecnologia, pois mesmo quando o tema é Inteligência Artificial, nós somos a fonte do conhecimento adquirido por esta inteligência.

A mais pura verdade é que há alguns anos a preocupação com a transmissão do conhecimento deixou de ser exclusiva das escolas e universidades, ainda mais em tempos digitais e de distanciamento social. A gestão do conhecimento nas organizações, por exemplo, sempre foi um grande desafio, uma vez que a memória de uma empresa está fragmentada na cabeça das pessoas que viveram a história das empresas.

Incentivar que as pessoas compartilhem o que sabem tem sido uma prática crescente e a tecnologia facilita, e muito, esse processo por meio do uso de softwares que possibilitam essa gestão. Ao mesmo tempo em que observamos as aplicações da tecnologia avançarem notamos que termos como “multiplicadores”, “trainers”, “instrutores”, e “parceiros de RH” também estão mais presentes do que nunca quando o tema é aprendizagem e gestão do conhecimento. Este são os indivíduos que impactam diretamente a gestão do conhecimento nas organizações. São eles que contribuem para que o conhecimento da empresa seja disseminado e são eles que, sendo parte da memória da organização, transferem o que sabem para outras pessoas.

Em geral esses instrutores e multiplicadores tendem a ser peritos em um determinado assunto. São pessoas que detêm muito conhecimento acerca daquilo que fazem, conhecem a fundo tudo o que se relaciona com o seu trabalho e também conhecem muito sobre o negócio da empresa na qual estão inseridos. Mas como essa transferência de conhecimentos é feita? Quais os riscos quando utilizamos um perito para compartilhar o que sabe com outras pessoas?

Os principais riscos quando um especialista é convidado a compartilhar aquilo que sabe estão relacionados à sua paixão pelo assunto e também à sua falta de conhecimentos sobre aprendizagem de adultos. A paixão que temos por aquilo que fazemos em geral nos leva a acreditar que tudo é importante, ou seja, o especialista tem dificuldade para selecionar, entre os seus conhecimentos, o recorte necessário para que o outro aprenda aquilo que está relacionado à sua atividade e quando isso acontece temos o que se chama overload (excesso) de informações, o que muito prejudica o processo de aprendizagem.

A falta de conhecimentos sobre aprendizagem de adultos faz com que o compartilhamento de conhecimentos se torne uma grande sessão informativa e isso não é eficaz em termos de aprendizagem. O especialista tem extrema importância e pode se tornar um excelente instrutor desde que desenvolva as competências necessárias para ajudar o outro a aprender, e não simplesmente tentar transmitir o que sabe por meio de longas sessões de projeção de slides e palestras.

Utilizar especialistas para compartilhar de saberes nas organizações é uma tendência e faz todo sentido uma vez que o conhecimento desses profissionais aliado ao conhecimento do negócio é uma combinação poderosa. O segredo? Simples. Colocar no centro do processo quem realmente importa: quem vai aprender. Todos só tem a ganhar. 

A empresa que insere a cultura dos multiplicadores internos em sua rotina passa a contar com um time mais motivado, engajado e satisfeito em fazer parte daquela empresa. Também, outro ponto positivo das instituições que entendem a importância do compartilhamento de informações é o reconhecimento dos profissionais que se destacam na sua área. Isso porque oferecem a oportunidade de eles repassarem esse conhecimento para frente e, com isso, a possibilidade de melhorar sua qualificação.

Os seres humanos são a maior riqueza da humanidade. Parece que esta é uma frase redundante, mas não é. Quando olhamos a fundo as organizações, percebemos que poucas dão o real valor ao capital humano. Temos muitas ferramentas para compartilhar informações, mas conhecimento é somente adquirido por aqueles que o vivenciaram. Esta é a sua riqueza, da sua corporação e da humanidade. 

E você, está pronto para aplicar essa estratégia nos seus treinamentos corporativos? Já investe em qualificação dos multiplicadores internos? Educação se multiplica. Que todos nós possamos nos tornar multiplicadores de conhecimento. Pense nisso!

Por Flora Alves, CLO da SG – Aprendizagem Corporativa, idealizadora do Trahentem® e uma das maiores especialistas de aprendizagem no Brasil. É  uma das colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.