Shawn Achor, americano, palestrante e professor de Harvard é o autor do livro “O Jeito Harvard de Ser Feliz”. Na obra, Shawn explica que você não precisa ter sucesso para ser feliz, mas precisa ser feliz para ter sucesso. Ele cita também que 75% dos seus resultados são definidos pelo seu nível de otimismo.

Já aqui no Brasil conhecemos o Marcio Fernandes, que liderou por muito anos, com uma performance estrondosa, uma das maiores distribuidoras de energia elétrica do país, com o slogan “Felicidade dá Lucro”.

O que essas duas referências nos oferecem são profundas e provocativas reflexões sobre o perfil dos profissionais mais promissores para esses novos tempos. Pessoas felizes geram melhores resultados, ou seja, resultados mais competitivos, duradouros e replicáveis.

Efeito Borboleta da Felicidade

De fato, percebemos que pessoas felizes são forjadas por determinadas características e atitudes que fazem significativas diferenças no dia a dia organizacional. Elas são mais otimistas, absorvem a “parte cheia do copo”, são resilientes, buscam alternativas, pensam em planos B, influenciam positivamente e muito mais e normalmente concentram-se no coletivo.

O que gera felicidade

A felicidade é um efeito, um estado, o resultado da satisfação emocional e ou sentimental.

Se por um lado fatores externos e fora da nossa autoridade podem afetar a percepção de felicidade, por outro, quando se tem desenvolvidas as competências para gestão das emoções pode-se administrar muito melhor tanto as condições internas, quanto as externas também.

Dessa forma, houve-se tempo para o protagonismo das competências técnicas, das competências de métodos e das competências interpessoais. Agora chega a vez de dar destaque, com toda força, para as competências emocionais.

“Pensamentos geram emoções, ativam neurotransmissores que por sua vez produzem hormônios, resultando em sentimentos. Sentimentos desencadeiam efeitos, reações físicas e atitudes” – Aline Sueth

Mundo VUCA

O mundo VUCA vinha desafiando nossa estabilidade emocional e, como se não bastasse toda a exponencialmente, ambiguidade e velocidade que já estávamos vivendo, impulsionados pelos avanços tecnológicos, eis que surge uma pandemia para comprovar que de fato não só o futuro é incerto, como o próprio presente, o aqui e agora.

Avalanches emocionais. Verdadeiras trajetórias “montanhas russas” farão cada vez mais parte da nossa realidade, afetando a busca pela estabilidade.

Como ser feliz contrariando Maslow?

Como ser feliz sem conseguir mais ter a plena sensação de segurança e controle?

Que grande dicotomia do destino, preocupados em competir com os robôs, não nos demos conta da urgência de desenvolver justamente as competências que não são, e nunca serão, processadas pelas máquinas.

Perdemos tanto tempo endereçando mais discussões sobre diminuição das oportunidades de empregos, desvalorização do humano e redução dos salários, do que colocando foco naquilo que realmente deveria ter sido a tônica do momento.

Temos inúmeras e diversas instituições que ensinam crianças e adultos a desenvolverem cada ver mais seus coeficientes intelectuais, mas raríssimas que segregam agenda para as habilidades emocionais.

Se não devemos assistir atônicos a falência emocional do humano, temos que investir na prevenção, tirando o foco apenas da ação de remediar os efeitos colaterais indesejados.

Por bem, mas ainda isoladamente, vemos alguns CPFs puxando o assunto com entusiasmo. Desbravando esse campo que é regido por paradigmas, “achismos” e falta de conhecimento. Ainda em um movimento heroico que precisará ser organizado de forma sistêmica e de vez inserido nas pautas estruturantes, ou seja, governamentais, sociais e educacionais.

É possível ensinar a ser feliz?

Muito se romantizou sobre a felicidade.

Nosso adestramento histórico através de questões religiosas, políticas e sociais também influenciaram na mistificação do tema.

A maioria atribuiu felicidade a merecimento e confundem ser feliz com ter momentos de alegrias intensas ou júbilo.

Ser feliz é gerir emoções boas e ruins, fazendo predominar os sentimentos positivos. Eu chamo essa prática de emoplasticiadade, ou seja, plasticidade emocional.

Claro que pessoas felizes tem problemas e sentimentos ruins, mas a questão é que saem do estado de sofrimento rapidamente e conseguem ressignificar de forma mais agregadora e evolutiva as situações, as boas, desafiadoras e as ruins de fato.

Existem técnicas que ajudam e muito na gestão das emoções e não passam nem perto de criar um mundo de fantasias e sair da realidade. Nada disso. Começando pelo autoconhecimento, tem a ver com ações e reações conscientes e adequadas.

Quando reconhecemos que a maior parte da sensação de felicidade (para não dizer toda) é devido a um grande processamento biológico, conseguimos “tangibilizar” o tema, nos empoderar e administrá-lo com mais sabedoria.

Ser líder é ser feliz

Ser líder é influenciar. É dar motivos para as pessoas.

Nos tempos de hoje não funciona mais crachá, domínio técnico, berço, posses, estereótipos. Nem mesmo a idade e cultura. Os grandes influenciadores passam por ser pessoas que acreditam nelas mesmas antes de tudo, com alto grau de entusiasmo, que vivem o que falam e transbordam os efeitos positivos de serem o que são. Acredite, ser líder é ser primeiramente Feliz. Reflita sobre isso. Convido incluir a gestão emocional na sua grade pessoal de desenvolvimento. Além de ser uma pessoa melhor para si, ao influenciar o seu em torno você vai ajudar a construir um mundo melhor também. Pessoas felizes contagiam e geram real impacto.

Sejamos Felizes!

Aline Sueth é palestrante, mentora e diretora de gente e gestão do Grupo Elfa. É uma das colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião da colunista. Foto: Divulgação.