Fala-se muito que as empresas devem manter os funcionários motivados – coisa que não concordo – pois não acredito em motivação provocada por fatores externos. Acredito em automotivação, a capacidade de a própria pessoa motivar-se e refletir sobre o poder que ela tem para isso. É bem verdade que as empresas têm a responsabilidade em criar e manter um ambiente que proporcione a automotivação através da confiança, mas devem fazê-lo cuidando para não desmotivar as pessoas.

Não vejo como alguém pode sentir-se automotivado em uma organização na qual haja falta de confiança, pois esse clima obriga a pessoa a exercer certos controles sobre o entorno e ficar sempre em estado de alerta. Quanto mais controle eu tenho, menos eu confio! Se passearmos em uma rua escura no centro de uma cidade violenta, sozinhos, é natural que fiquemos tensos e atentos para o que possa acontecer. Nos sentimos em situação de vulnerabilidade e não temos a menor motivação para passear e desfrutar da brisa da noite ou da beleza da paisagem.

Pois é algo semelhante o que ocorre em um ambiente de trabalho no qual impera a desconfiança. A pessoa fica com todos os seus sentidos e sistemas fisiológicos em estado de alerta; observa os movimentos dos outros, preocupa-se com o que o chefe está achando de seu trabalho e outros. Assim, torna-se muito difícil ter algum prazer no trabalho, ainda mais se você se sente controlado ou pressionado demais pela demanda do serviço.

É possível sobreviver? Pode a empresa moderna prescindir de pessoas talentosas, automotivadas, criativas e comprometidas com os objetivos da organização? Em período de distanciamento social, como está sendo a metodologia com o universo online? Como podem manter um ambiente de confiança, mesmo a distância? Sua empresa está disposta a assumir riscos e inovar? Sua empresa dá espaço para que os colaboradores manifestem suas dores e anseios?

Eis uma situação perturbadoramente paradoxal: por não confiar nas pessoas, a organização tenta controlá-las, cria ainda mais desconfiança e distancia-se das condições de que necessita para ser competitiva. Esse tipo de queixa se tornou predominante, ainda mais nesse período de home office que estamos vivendo.

Temos de ser capazes de gerir a incerteza, a ambiguidade, a mudança e a velocidade alucinante a que somos submetidos. Mais do que nunca, a compreensão dos paradoxos nos permitirá ver, sentir e atuar em um mundo mais amplo e perceber oportunidades nunca antes vistas. Portanto, tudo começa com a familiarização desse Novo Agora e das contingências da vida. A Covid veio e deixou isso bem claro!

 

O importante desta jornada de autoconhecimento diária não são os acontecimentos em si, mas a reação que você tem perante estes obstáculos na sua vida. Procure desde já estimular-se constantemente. Procure o novo, aquilo que faz o seu coração vibrar! Você já observou as habilidades e aprendizados que anda desenvolvimento em quarentena?

Comece a visualizar quais cenários e atividades contribuem para um bem-estar maior em sua vida! Desenvolva hábitos positivos! Isso é automotivar-se! E não se esqueça: amor próprio é o grande trampolim para que você seja uma pessoa mais motivada e autoconfiante! Sendo autoconfiante, você acaba inspirando a confiança no outro também. Este já é um grande começo! Pense nisto!

Leila Navarro, palestrante motivacional, autora de 16 livros. É uma das colunistas do RH Pra Você. O conteúdo dessa coluna representa a opinião do colunista. Foto: Divulgação.