5 mitos sobre mindfulness que você precisa superar

Mindfulness significa atenção plena, mas vai além de simplesmente prestar atenção. É um estado mental que surge quando estamos completamente presentes em nossas experiências, em sintonia com o que acontece dentro e fora de nós, com curiosidade e gentileza. Todos os seres humanos saudáveis nascem com essa capacidade, mas, ao longo da vida, a exposição ao excesso de estímulos, informações e atividades disponíveis a todo momento fragmenta a nossa atenção. Isso torna mais difícil concentrar-se, manter o foco e gerenciar o tempo, levando a ações impulsivas e comprometendo a qualidade do que produzimos. A prática de mindfulness, estudada por décadas em universidades renomadas como Harvard e Oxford, busca restaurar e fortalecer essas capacidades naturais por meio de treinamentos acessíveis e baseados em evidências.

Treinamentos mostram resultados

Os treinamentos baseados em mindfulness têm mostrado resultados significativos, especialmente em áreas do cérebro responsáveis pelo foco, autoconsciência e regulação emocional – habilidades essenciais para a alta performance. Inclusive, um estudo publicado na Revista Sociedade Científica mostrou que a aplicação do mindfulness no ambiente de trabalho pode reduzir significativamente os sentimentos de ansiedade e depressão entre os colaboradores. Como resultado, destacou-se a eficácia do mindfulness na melhoria da saúde emocional das pessoas no dia a dia corporativo. Além disso, o mindfulness promove o desenvolvimento da consciência física, emocional e cognitiva, trazendo maior clareza, calma e discernimento. Esses atributos ajudam a tomar decisões mais consistentes e eficazes, tanto no âmbito pessoal quanto profissional, permitindo que sejamos mais produtivos de forma sustentável.

Mente sã, trabalho são

Publicada na revista Contextos Clínicos, uma revisão sistemática analisou diversos estudos sobre práticas meditativas e seus efeitos nos níveis de cortisol induzidos por estresse agudo, concluindo que intervenções focadas em habilidades cognitivas sociais e regulação emocional tiveram melhores resultados na redução do cortisol. No entanto, apesar de sua eficácia, a prática de mindfulness no trabalho é cercada de mitos que podem limitar sua adoção. Dá uma olhada:

1. Eu já tentei, mas não consigo parar de pensar

MITO. Mindfulness não é sobre esvaziar a mente ou parar os pensamentos. Pelo contrário, trata-se de estar consciente de tudo o que acontece em nossa experiência, inclusive os pensamentos. Conhecer de perto os movimentos da mente nos ajuda a perceber que não precisamos reagir automaticamente a cada ideia que surge, ampliando nossa capacidade de escolha. Essa percepção aprofunda a compreensão de que, como seres humanos, somos compostos por vários processos simultâneos – muitos deles automáticos –, e que há sempre diferentes maneiras de agir em cada situação”, explica Thais.

2. Ele exige muito tempo

MITO. Há evidências de que práticas breves, com poucos minutos de duração, já contribuem para a redução do estresse e a melhora na concentração. Momentos de transição, como entre uma reunião e outra, ou até períodos de espera, como na fila do supermercado, são excelentes oportunidades para incorporar mindfulness no dia a dia, sem precisar reorganizar completamente a agenda.

3. Mindfulness é só meditação?

MITO. Embora a meditação seja uma prática central, que fortalece habilidades como foco e regulação emocional, mindfulness vai além. É possível – e essencial – aplicar a atenção plena às atividades cotidianas e interações com outras pessoas, transformando até tarefas rotineiras em oportunidades para praticar presença e conexão.

4. Mindfulness vai me deixar muito calmo e relaxado

MITO. Embora algumas pessoas relatem sentir maior calma durante a prática, mindfulness não é apenas uma ferramenta para relaxamento. Trata-se de uma técnica que desenvolve atenção plena, ajudando a reduzir o estresse e a gerenciar a ansiedade. Mais do que isso, o mindfulness contribui para maior clareza, foco, resiliência e flexibilidade – habilidades essenciais para resolver problemas complexos, gerenciar conflitos e tomar decisões informadas, especialmente no ambiente corporativo.

5. Não é adequada para o mundo corporativo?

MITO. Na verdade, empresas líderes como Google, SAP e LinkedIn implementaram programas de mindfulness com impactos significativos na produtividade, bem-estar e engajamento de suas equipes. Esses resultados reforçam que o mindfulness não só é adequado, mas pode ser uma vantagem estratégica no ambiente de trabalho.

O burnout tá aí, e o que você precisa fazer?

Em 2023, 421 pessoas foram afastadas do trabalho por burnout - sendo o maior número dos últimos dez anos no Brasil, segundo dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), do Ministério da Previdência Social. A pandemia do coronavírus ajudou significativamente este aumento a acontecer. De 178 afastamentos por burnout, em 2019, o Brasil passou para 421, em 2023, um aumento de 136%. Isso mostra que, em uma década, o número de afastamentos por este motivo cresceu quase 1.000%. Há algumas décadas, a prática de mindfulness se tornou bastante popular e uma ‘promessa’ para resolver qualquer questão de saúde. A quantidade de informações disponíveis aumentou e a confusão em torno do tema também.

Práticas de meditação

Em geral, os bons programas de mindfulness combinam práticas de meditação com psicoeducação e exercícios diários, que devem ser feitos entre as sessões. Isso favorece a criação de uma relação saudável e benéfica com a prática, além da incorporação das práticas no dia a dia. Mindfulness é uma prática que vai além do bem-estar individual; é uma ferramenta poderosa para prevenir o burnout, cultivando equilíbrio emocional e clareza mental em um mundo cada vez mais acelerado. Ao ajudar profissionais a gerenciar melhor o estresse e a manter o foco no que realmente importa, promove resultados consistentes e sustentáveis para os negócios. Mas seu impacto não para por aí: ao fortalecer conexões humanas e estimular escolhas mais conscientes, mindfulness também contribui para a criação de culturas organizacionais mais saudáveis, colaborativas e alinhadas com um propósito maior – beneficiando não só indivíduos e empresas, mas também o coletivo e o planeta. mindfulness_foto da autora Por Thais Requito, professora de Mindfulness e Inteligência Emocional, com mais de 15 anos de experiência corporativa (incluindo oito anos na Microsoft). Foi a primeira brasileira a concluir a formação em Terapia Cognitiva Baseada em Mindfulness, no Centro de Mindfulness da Universidade de Oxford, e recebeu treinamento dos profissionais mais respeitados e reconhecidos do ramo, incluindo Jon Kabat-Zinn e Mark Williams.
🎧Ouça o Episódio 181 do Podcast RH Pra Você Cast: “A Saúde dos Trabalhadores Está em Risco?”
Introdução
A abordagem das empresas em relação à saúde dos colaboradores traz otimismo. Inegavelmente, desde a pandemia, o bem-estar e a qualidade de vida passaram a ser assuntos obrigatórios nas organizações para que elas se mantenham competitivas.
A Prática é Tão Positiva Quanto o Debate?
Contudo, será que a prática é tão positiva quanto o debate? Com efeito, segundo uma pesquisa recém-realizada pela Alice, ainda identificamos muitos gaps que precisam ser corrigidos.
Pesquisa da Alice Revela Gaps na Saúde dos Trabalhadores
Para falar mais sobre o estudo e também a respeito do cenário da saúde do trabalhador para 2024, batemos um papo com Sarita Vollnhofer, CHRO da Alice. Assim sendo, confira abaixo: Assim sendo, não se esqueça de seguir nosso podcast bem como interagir em nossas redes sociais: Facebook Instagram LinkedIn YouTube