Adianto, desde já, que a pergunta destacada no título deste artigo não possui resposta exata. Não pretendo influenciar ninguém a tomar algum tipo de decisão. Apenas quero compartilhar um pouco da experiência que obtive à frente da área de expansão de um dos maiores escritórios de investimentos do País, na qual já entrevistei mais de 500 pessoas e participei da transição de carreira de outros 200 profissionais.

Embora, como mencionei, não tenha resposta exata sobre o timming exato de mudar de carreira, existem fortes indicadores que podem evidenciar sintomas indicativos de estar na hora de repensar a trajetória profissional. Com a minha bagagem nessa área, falarei mais sobre as principais evidências já compartilhadas comigo. Entendo, também, que discutira transição de emprego possa acarretar diversos medos, que merecerão novas abordagens específicas.

Mas, voltando ao tema central deste texto, vamos analisar quais sensações, acontecimentos ou situações possam levá-lo a refletir sobre seu momento profissional:

Síndrome do domingo

“Quando chega domingo à tarde, começo a sentir borboletas no estomago…” Esta frase me chamou muito a atenção. Ouvi-a de uma pessoa que trabalhou por muito tempo em bancos, quando a questionei o motivo pelo qual pretendia trocar de carreira.

Então, parei para analisar, e diversas pessoas já haviam me relatado sensações semelhantes, mas talvez nenhuma houvesse sido tão ilustrativa quanto essa. Buscando interpretar melhor esse sentimento, entendi que nada mais é do que a ansiedade do que você sabe que irá encontrar ao longo da próxima semana de trabalho.

Isso acontece quando nosso cérebro, inconsciente ou conscientemente, começa a “precificar” tudo o que vamos enfrentar logo adiante. É comum ter essa sensação quando existe forte pressão de metas, quando estamos em um ambiente hostil ou quando simplesmente não enxergamos valor em nossas atividades. Esse talvez seja um dos mais perigosos sentimentos referentes à vida profissional, pois vai nos atacando psicologicamente, e é um forte indício de que possa ser a hora de mudar!

Incompatibilidade entre seu resultado e a remuneração

Ganhar dinheiro não pode ser o único motivo para estarmos em um emprego. Contudo, não se pode dizer que é um fator irrelevante. Com o tempo, o reconhecimento precisa acontecer. Caso você seja um “batedor de metas”, um profissional de alta execução e acredite que seu salário não condiz com o que produz para a empresa, precisa fazer uma reflexão.

Nesse caso, muitas vezes a questão não é apenas trocar de emprego. Talvez, uma alternativa seja partir para uma iniciativa empreendedora. Caso você deseje ter altos ganhos financeiros, sempre ressalto a importância de optar por remunerações variáveis, seja por meio de um empreendimento próprio ou comissão.

Se você é bom, não tem por que se limitar a um salário, apenas pela “falsa” segurança do regime CLT. Você pode até achar que seja arriscado largar um emprego com registro por uma carreira com remuneração variável, mas se deseja ganhar mais, esse é o caminho. E, lembre-se, muitas vezes o maior risco é ficar parado.

Não ter um próximo passo

A maior insatisfação das pessoas, em sua grande maioria, é a estagnação. Aqui, quero atentar para um ponto importante: é preciso cuidar da ansiedade. As novas gerações são cada vez mais imediatistas, e, quando estou me referindo a crescimento dentro de uma organização, é preciso termos paciência. O mais relevante não é o quando vai acontecer e sim o porquê você deseja “chegar lá”. Muitas vezes, queremos muito uma promoção, cargo ou título e nunca nos perguntamos os reais motivadores de termos esse objetivo.

Caso você não tenha um próximo passo desenhado em sua companhia, independentemente do que aconteça hoje ou daqui a cinco anos, e se o movimento não existe ou é incompatível com seus próprios objetivos de vida, repense. Você está remando para um lugar que não quer estar ou, talvez, para um destino que simplesmente não existe.

Falta de propósito

Um dos mais graves motivos pelos quais acredito que se deva repensar sua atual atividade é não sentir que está fazendo algo que agregue valor para as pessoas. A vida é curta e passar por ela sem fazer a diferença é um desperdício. Certamente, você pode ajudar alguém ou contribuir para melhorias e inovações que impactarão positivamente a sociedade. Mas, se você não identificar um propósito em seu atual trabalho, preste a atenção. Como diria Charles Schwab, “as pessoas podem trabalhar duro por dinheiro, mas só dão a vida por uma causa”!

Ambiente hostil

Passamos a maior parte das nossas vidas dentro do nosso ambiente de trabalho. Logo, as pessoas com as quais convivemos e interagimos acabam se tornando tão próximas quanto nossos familiares e amigos. Mesmo em uma realidade com diversas inovações digitais e com a forte introdução do home office nas dinâmicas de trabalho, nossa interação profissional é bastante intensa. Conviver em um ambiente de competitividade não saudável, com gente que você não admira, além de prejudicar sua performance, pode provocar problemas para o seu bem-estar psicológico.

Você é a pessoa mais esperta da “mesa”

Conviver com profissionais melhores do que você é uma das maiores fontes de aprendizado. Uma vez que você seja a pessoa mais inteligente dentro da sua organização, reflita o quanto permanecer ali está agregando para o seu desenvolvimento. A famosa frase “vivendo e aprendendo” só faz sentido se você está em um ambiente que lhe proporcione condições de evolução. Se você for um profissional competente e não está crescendo, provavelmente sua empresa também não está.
Se você identificado um ou mais pontos dentre os abordados em sua rotina ou dinâmica de trabalho, convido-o a refletir sobre seu momento profissional.

Quando devo mudar de emprego?

Por Willian Kahler, sócio da Messem Investimentos.

 

 

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