Por que você deveria investir em diversidade no seu negócio: O tema Diversidade & Inclusão vem ganhando importância a cada dia no mundo dos negócios. Essa é uma pauta essencial, tanto pela dimensão humana quanto pelos benefícios econômico-financeiros.

Começando pelo fundamental, que é a dimensão humana da diversidade, as pessoas não são profissionais melhores ou piores por serem homens, mulheres, trans, cis, não-binários, etc. A capacidade de criar ideias, encontrar soluções e usar a criatividade está presente em todos nós.

O problema é que precisamos admitir que estamos em uma sociedade que, historicamente, dá mais oportunidades a homens brancos heterossexuais. No mercado de trabalho, isso acaba se refletindo de diversas maneiras:

  • As mulheres são mais suscetíveis a desistir da carreira mais cedo para cuidar dos filhos;
  • Muitas mulheres optam por carreiras com menor jornada para melhor equilibrar carreira e filhos;
  • Segundo a Korn Ferry, que criou um índice que compara salários por gênero em 777 empresas americanas, mulheres recebem 7% menos que homens no mesmo nível de emprego;
  • No Brasil, a diferença de salário entre homens e mulheres com o mesmo nível de formação foi de 47,24% em 2019;
  • Entre brancos e negros com ensino superior, isoladas todas as demais variáveis, há uma diferença salarial de 31%, segundo o Instituto Locomotiva.

Uma grande diferença de salário poderia fazer algum sentido econômico (embora não seja socialmente justo) em setores não automatizados em que o gênero traga alguma diferença de produtividade, como na construção civil (homens poderiam carregar mais sacos de cimento, por exemplo). Mas em uma sociedade da informação, em que o valor econômico é gerado em frente a um computador, não faz nenhum sentido.

Olhando do ponto de vista econômico-financeiro, então, um ambiente sem diversidade faz ainda menos sentido. O estudo Delivering through Diversity, da consultoria McKinsey, indica que as empresas entre as 25% com mais presença feminina têm resultados 21% melhores que as companhias menos diversas. No que se refere à questão cultural e étnica, os resultados são 33% melhores para as organizações mais diversas.

Quando o assunto é a presença de mulheres no Conselho de Administração das empresas, os números impressionam ainda mais: as organizações com melhores resultados financeiros têm 10 vezes mais a presença feminina em posições de liderança do que as empresas de pior desempenho (10% contra 1%).

Ainda assim, existe um grande caminho a ser percorrido: em praticamente qualquer categoria de produtos, as mulheres são as principais tomadoras de decisão de consumo. A gestão das empresas, porém, está nas mãos de homens (muitas vezes, somente de homens). Não é preciso ser um gênio para intuir que mulheres entendem melhor as mulheres, assim como jovens se entendem muito melhor.

A conclusão baseada em puro bom senso é a seguinte: tenha, nas posições de liderança, pessoas que representem bem o seu público. Essa é a melhor forma de fazer com que você entenda para onde o mercado está indo e possa tomar atitudes a tempo.

Hora de adotar um novo olhar

A cultura das pessoas muda muito mais lentamente que a economia e os negócios. E é exatamente por isso que surgem tantos conflitos quando se fala em igualdade de oportunidades para minorias. Estamos em uma sociedade em transformação e mudanças sempre são incômodas.

Um lado bom de atuar em uma startup (existem vários, acredite) é ter, necessariamente, que ser muito humilde, reconhecendo que não sabemos tudo. Na verdade, sabemos bem pouco. Toda startup começa com uma ideia que precisa primeiro ser testada e aprovada para, só depois, ganhar musculatura e se transformar em produtos, serviços e conquistar clientes.

Para fazer essa jornada da ideia à execução, precisamos aprender muita coisa. Em primeiro lugar, descobrir o que não sabemos. Com frequência, acabamos vendo que aquilo que parecia ser perfeito só o é para algumas pessoas. Boa parte do público tem interesses, visões e necessidades muito diferentes das que imaginávamos. E quem não se abre para essas possibilidades acaba se restringindo.

Quando uma startup entende que precisa entender seu cliente para testar e aprender com os erros (isso também vale para grandes empresas que querem ter uma cultura de startup), ela percebe rapidamente que existe uma espécie de atalho para esse processo: fazer da diversidade um valor do negócio.

Como fazer isso? Na teoria, simples: tenha pessoas muito diferentes e dê espaço para que todas possam se expressar. Na prática, é bem mais complicado: um trabalho diário de quebrar padrões culturais. Pode ser algo muito comum, como dar mais ouvido a um argumento quando determinado tipo de pessoa fala, ou deixar de fazer piadas machistas. Ou pode ser mais complexo, como evitar que esses vieses comportamentais interfiram na avaliação de desempenho das pessoas.

A cultura de dados das startups pode ajudar muito a aumentar a diversidade e a inclusão nas empresas. A análise de resultados com base em informações, e não em “achismos”, quebra barreiras e estimula uma consciência mais aberta. Todo insight é importante e pessoas diferentes enxergam aspectos distintos de uma mesma questão. Estar aberto a receber e ser surpreendido por essas percepções é a mágica que leva os negócios a crescer mais rápido.

Ter múltiplos olhares pode trazer resultados incríveis e de grande valor, como permitir que a pessoa seja identificada no RH por seu nome social. Uma questão essencial na vida de pessoas trans, mas dada como garantida por quem é cis.

Imagine então o impacto sobre o desenvolvimento de produtos, de uma nova campanha de marketing ou da comunicação do negócio. Muitos cases têm gerado repercussões negativas justamente porque não tomam esse cuidado de ouvir a diversidade. Alguém no conforto do ar-condicionado não tem como saber o que é passar o dia trabalhando debaixo de sol.

Quem não abre os ouvidos e a mente para novas visões já está percebendo impactos negativos no negócio, mas não consegue identificar direito qual é o problema. A resposta é clara: empresas mais diversas conseguem atrair mais talentos, entendem melhor os clientes, tomam melhores decisões, se tornam cada vez mais relevantes para os consumidores e criam um ciclo virtuoso de crescimento. O que você está esperando para iniciar essa jornada?

Por que investir em diversidade no seu negócio

Por Marcelo Furtado, Co-Founder da Convenia.

 

 

Ouça também o PodCast RHPraVocê, episódio 72, “O papel do RH e do gestor de pessoas na chamada “nova economia”” com Diego Barreto, vice-presidente de Finanças e de Estratégia e Susanne Andrade, especialista em desenvolvimento humano, ambos do Ifood. Clique no app abaixo:

Não se esqueça de seguir nosso podcast e interagir em nossas redes sociais:

Facebook
Instagram
LinkedIn
YouTube