A educação emocional diz respeito à administração das emoções, sentimentos e pensamentos e, por conseguinte, das ações. Quando conseguimos dominar a intensidade de nossas emoções, tomamos decisões assertivas e escutamos a razão antes de agir. Não significa que rejeitamos as emoções ou passamos a não senti-las, mas sim que adquirimos conhecimento acerca de como e quando usá-las.

No mundo corporativo ainda se concede um valor maior à inteligência intelectual enquanto a inteligência emocional fica em segundo, terceiro ou até mesmo quarto plano. Mas como os humanos são tanto seres intelectuais quanto seres emocionais não faz sentido elevá-las à mesma categoria?

O valor da educação emocional para os negócios

O cotidiano empresarial não é formado somente pela execução de tarefas. A socialização, a resolução de conflitos, as crises, o estresse, os imprevistos, a necessidade de tomar decisões complicadas e a burocracia são outros componentes habituais. Todos eles impactam o emocional de gestores, líderes e colaboradores de diferentes formas.

Por exemplo, um profissional inseguro em sua capacidade de solucionar problemas emergentes costuma cometer erros com mais frequência, procrastinar perante desafios e temer a repercussão negativa de seus atos.

Embora tenha o conhecimento e a experiência necessários para exercer a sua função, ele não se sente tão confortável com as demais exigências do trabalho. Se uma empresa não investe em educação emocional, ela possui dificuldade para ajudar esse profissional a superar as suas inseguranças e focar em seus pontos fortes.

A falta de educação emocional nas empresas também afeta negativamente a convivência dos colaboradores, refletindo na qualidade do clima organizacional.

Um dos maiores desafios da gestão de equipes é promover uma socialização pacífica e produtiva entre os membros. Esta é uma tarefa cuja complexidade se eleva de acordo com a divergência de personalidades. Colaboradores emocionalmente inteligentes conseguem criar um ambiente favorável para todos já que compreendem a importância de separar o pessoal do profissional.

Um ambiente de trabalho cooperativo e saudável consequentemente reduz a carga de estresse diário. Este, por sua vez, é um elemento que deve ser monitorado com frequência nas empresas. O monitoramento possibilita a criação de estratégias de prevenção e de redução de estresse, diminuindo a probabilidade de burnout e outros transtornos.

Portanto, profissionais cujos conhecimentos técnicos e habilidades complementam suas competências emocionais, como a capacidade de escutar o próximo e solucionar problemas sem sucumbir ao estresse, são valiosos para as organizações.

Sendo assim, as pequenas e médias empresas também podem – e devem – investir em educação emocional.

Educação emocional nas PMEs

A realidade das PMEs é claramente diferente das grandes corporações. Muitos pequenos e médios negócios nascem dia após dia no Brasil. De fato, grande parte dos empreendimentos brasileiros em operação correspondem a essa categoria.

Há múltiplos fatores que limitam ou encarecem as operações habituais, como tributos, falta de infraestrutura e burocracia. Além disso, os negócios costumam ser administrados pela família ou ter uma quantidade limitada de colaboradores, o que resulta, por vezes, em desavenças.

Logo, desenvolver uma gestão astuta neste cenário é ainda mais importante para o sucesso das PMEs. A educação emocional faz parte desse gerenciamento inteligente. Ela garante bom desempenho a longo prazo, mesmo mediante imprevistos, crises e prejuízos financeiros.

Para isso, gestores podem promover o autoconhecimento dentro da empresa. Profissionais conscientes de suas personalidades, atributos positivos e negativos, objetivos de vida, entre outros, têm mais autoconfiança e segurança.

O autoconhecimento pode ser promovido de algumas formas:

Feedbacks construtivos

Colaboradores tendem a querer saber como suas condutas e trabalho estão sendo interpretados, mas muitos temem questionar superiores e ouvir algo negativo. Alguns gestores também desconhecem o melhor tom para abordar as dificuldades dos profissionais e ajudá-los a superá-las.

O ideal é simplesmente dialogar com respeito e empatia, fazendo sugestões construtivas com periodicidade. Elas não devem objetivar modificar a personalidade do profissional, mas orientá-lo como usar as suas qualidades e aptidões ao seu favor.

O feedback positivo, como a valorização de feitos e qualidades, é igualmente necessário. Ele motiva e encoraja os profissionais a desempenharem melhor suas funções.

Comunicação

A comunicação clara, honesta e consistente é essencial dentro das PMEs. Todavia, ainda existem aquelas que não a valorizam. Acreditam que os colaboradores devem absorver a cultura organizacional somente por meio da observação da conduta de chefes e outros profissionais.

Também possuem pouca paciência para instruir adições à equipe, frequentemente relacionando a dificuldade de aprendizagem dos novos colaboradores à incompetência em vez da comunicação ineficiente.

Enquanto as atitudes dizem muito sobre as pessoas, elas também deixam muitos aspectos importantes para a imaginação. Já o diálogo acaba com as dúvidas e estreita relacionamentos. Portanto, deve ser plenamente incentivado.

A comunicação é igualmente essencial para passar instruções corretas e evitar erros, se expressar de maneira inteligível, aprender a ouvir o ponto de vista do outro e compreender as intenções dos demais.

Treinamentos

Há um mercado extenso de treinamentos de inteligência emocional com foco nas empresas. Embora as PMEs tenham recursos limitados, vale a pena investir em workshops e cursos ocasionais para incentivar o desenvolvimento de condutas positivas no ambiente de trabalho.

Da mesma forma, os treinamentos são ótimas fontes de motivação e inspiração. A equipe tem a oportunidade de se reconectar com os seus objetivos profissionais e paixões. As emoções positivas originadas podem ser usadas para o direcionamento da autorrealização.

Uma alternativa para PMEs baratearem o investimento e manterem a qualidade é buscar conteúdos e treinamentos online.

Gestão de equipes

A educação emocional pode ser incentivada e desenvolvida utilizando a gestão de equipes. Além de desenvolver a empatia — competência indispensável para a boa convivência —, desenvolve relações interpessoais saudáveis. Essas, por sua vez, garantem melhor desempenho da equipe.

Com a mediação do gestor, profissionais conseguem resolver conflitos, expressar como se sentem em relação às atitudes alheias e acontecimentos incômodos, estreitar vínculos e escutar o ponto de vista dos colegas de trabalho.

Assim, cada profissional aprende mais um pouco sobre o outro e sobre si mesmo, ajustando comportamentos para criar um ambiente profissional agradável.

PMEs também precisam investir em educação emocional?

Por Tatiana Pimenta, CEO e fundadora da Vittude. Atua também como Business & Executive Coach e desenvolve trabalhos de consultoria empresarial nas áreas de gestão de vendas e cultura organizacional. Graduada em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Londrina; MBA em Gestão Empresarial pela UFMS, MBA em Finanças pelo IBMEC e MBA Executivo pelo Insper. É Business and Executive Coach formada pelo Instituto Brasileiro de Coaching (IBC).

Ouça também o PodCast RHPraVocê, episódio 72, “O papel do RH e do gestor de pessoas na chamada “nova economia”” com Diego Barreto, vice-presidente de Finanças e de Estratégia e Susanne Andrade, especialista em desenvolvimento humano, ambos do Ifood. Clique no app abaixo:

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