Quando terceirizamos nossa
criatividade à Inteligência Artificial, não estamos apenas perdendo a chance de exercitar nosso "músculo criativo", ou seja, de refinar o modo como fazemos o que fazemos.
Perdemos a oportunidade de descobrir nossa própria voz, de desenvolver um estilo autêntico e de aprender através do processo natural de tentativa e erro, que é fundamental para o nosso crescimento.
Em seu livro "O Caminho do Artista", Julia Cameron fala da importância de escrever logo de manhã, transpondo todo o seu fluxo de consciência para o papel, como uma maneira de afastar toda essa névoa de confusão que paira na mente e, assim, abrir espaço para a conexão e criação de ideias, para a criatividade. Até porque, no final das contas, é isso: quem cria se descobre. E quem se descobre passa a compreender melhor o mundo e o seu papel dentro dele.
E, trazendo para essa pauta a tecnologia, o risco não está no uso da tecnologia em si, mas no
modo como usamos. O ChatGPT pode ser uma maravilha para certas tarefas, mas não vá achando que ele é ótimo porque pode "escrever para você".
Além de existirem péssimas práticas em muitas dessas interações com a Inteligência Artificial, há a real chance de ocorrer uma dependência nociva nisso. E, ao final, lá está você, sem crescimento intelectual e com um "músculo criativo" atrofiado por falta de uso.
Lidando com a dependência em IA
Tudo começa por um
uso mais saudável da tecnologia. E, falando em termos práticos e estratégias, eu acho que a primeira meta é estabelecer períodos regulares de desconexão intencional, a fim de equilibrar melhor seu uso e dedicar nosso tempo a outras atividades ou relações sem as distrações digitais.
Uma fórmula mágica não existe, mas vamos pensar assim: esses
períodos de desconexão com a tecnologia são saudáveis, e a pessoa tem de fazer o possível para incorporá-los de forma mais natural no seu dia a dia.
Um bom paralelo é o que vem sendo defendido com relação ao celular. O uso moderado do seu aparelho é a melhor coisa que você pode fazer.
Há vários estudos que confirmam como a sobrecarga de estímulos por um
smartphone (notificações, redes sociais,
e-mails...) pode desregular nossos níveis de dopamina, o nosso sistema de recompensa cerebral. Quem não sente aquela vontade de abrir o Instagram e buscar uma validação social logo de manhã?
*Doomscrolling* e *brain rot* não são palavras da moda à toa
O problema é real e deve ser levado a sério. Da mesma forma que devemos levar a sério o fato de uma pessoa resolver recorrer à Inteligência Artificial para todas as decisões, mesmo as mais simples, ou deixar de desenvolver
habilidades próprias por depender excessivamente da IA. O esforço mental é necessário.
É algo que precisamos fazer e um processo pelo qual precisamos passar. Não podemos simplesmente terceirizar isso cegamente para a IA; senão, acabamos com a autenticidade, a originalidade, o que faz da criatividade inteligente e nada artificial.
A IA pode ser uma ferramenta poderosa quando usada com sabedoria — para tarefas repetitivas, para organização, para pesquisa e, também, para inspiração. Mas nunca como substituta do processo criativo em si.
O futuro indica que é muito mais sobre aprender a usar a IA de forma consciente e equilibrada do que escolher entre usá-la ou não. Essa interação veio para ficar; cabe a nós decidirmos qual criatividade seguirá sendo artificial.
Por Raphael Santos Marques, co-fundador da Tech do Bem e co-criador do curso IA para Todos.
🎧 Inteligência Artificial (IA): Deve Mesmo Preocupar-nos?
No episódio 158 do
RH Pra Você Cast, intitulado “
IA: a preocupação deve mesmo existir?”, discutimos um tema que tem gerado debates acalorados: o desenvolvimento das inteligências artificiais. Em março de 2023, veio a público a informação de que cerca de 2.600 líderes e pesquisadores do setor de tecnologia assinaram uma carta aberta solicitando uma pausa temporária nesse desenvolvimento. O argumento central é que as IAs podem representar um “risco para a sociedade e a humanidade”. Surpreendentemente, até Elon Musk, um dos maiores entusiastas da tecnologia, também assinou o documento.
Visões Contrastantes: Otimismo vs. Preocupação
Jhonata Emerick, CEO da Datarisk, diverge desse movimento de cautela em relação às IAs. Para o doutor em Inteligência Artificial, a evolução dessas tecnologias é tão natural quanto o crescimento que elas podem impulsionar. Acima de tudo, ele argumenta que, ao longo da história, a humanidade sempre enfrentou mudanças disruptivas, e a IA não é exceção. A questão, portanto, é como nos adaptamos e aproveitamos essas transformações.
Legitimidade das Preocupações
Mas será que as preocupações em torno das IAs são legítimas? A perda de empregos é frequentemente apontada como um risco iminente. No entanto, também devemos considerar os benefícios potenciais: automação de tarefas repetitivas, diagnósticos médicos mais precisos, otimização de processos industriais e muito mais. Em suma, ainda há muito a aprender sobre o impacto real das IAs em nossas vidas.
O Desconhecido e o Potencial Inexplorado
Por fim, o que as IAs podem fazer por nós que ainda não compreendemos totalmente? Talvez estejamos apenas arranhando a superfície de suas capacidades. Desse modo, à medida que avançamos, é crucial manter um olhar crítico e otimista, buscando equilibrar os riscos com as oportunidades.
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