Dentro de um contexto de crise sanitária e econômica em todo o mundo, temos visto campanhas de “Não Demita” e iniciativas de apoio de diversos empresários que declaram que não haverá demissão. Acontece que a maioria destes líderes não contam que todos os contratos de terceirização de suas empresas, envolvendo milhares de empregados, não foram contabilizados nesta promessa.

Na prática, as demissões estão acontecendo, só que passam ao largo dos dados do governo. É como se os trabalhadores terceirizados fossem invisíveis aos olhos do sistema de emprego nacional.

É um momento de muita pressão para os profissionais de RH: redução de jornada de trabalho e salários, adoção do home office… Tudo é aceitável quando se trata de uma crise mundial. No entanto, jamais soubemos de algum momento em que estas empresas que estão demitindo em massa convidaram seus colaboradores ou sindicatos para aumentarem seus salários pela boa produtividade ou pelos lucros que obtiveram em anos anteriores. É uma balança que pende sempre para o lado dos mais fracos.

Mesmo reconhecendo que muitas empresas fizeram redução de salários de líderes e de alguns dos seus benefícios, não parece nada justo abandonar na “rua da amargura” milhares de pessoas que já foram treinadas e se habituaram à cultura da empresa a que servem. RHs nem são ouvidos nesta hora: executam as ordens dos sócios-proprietários, diretores ou acionistas.

Um verdadeiro sofrimento. Tem gente sendo demitida por WhatsApp, mensagem de voz, por telefone ou por e-mail. Simplesmente um horror fora de moda.

Será que estas marcas acham que passarão impunes pelos seus consumidores e clientes. E no futuro, como estas organizações serão vistas pela sociedade? São marcas que não vão durar, mas que hoje ocupam posição de destaque em rankings como o das Melhores para se Trabalhar, Empresas de Valor e As Mais Admiradas.

É uma pena que não se espere o tempo necessário para absorver informação e tomar decisões com mais sangue frio. É tudo decidido pelo balanço de projeção de vendas… Será que os diretores destas organizações são líderes ou malfeitores?

É uma dúvida que vai persistir na nossa cabeça e na de centenas de famílias que não terão como sobreviver na crise da pandemia da Covid-19. Este ser invisível, um vírus que abala as estruturas econômicas de países inteiros, leva-nos a fazer uma reflexão sobre o modelo “toma-lá-dá-cá” adotado por organizações nacionais e multinacionais operando no Brasil.

Tomara que seja tirado algum aprendizado deste momento tão danoso a nós seres humanos.

Líderes ou malfeitores?

Por Alexandre Garret, jornalista e CEO da SFG – Publicações e Treinamentos.

 

 

 

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