Certamente você já ouviu falar sobre a felicidade nas empresas, a tal felicidade corporativa. O assunto que antes não era tão comentado, felizmente, vem se tornando cada vez mais comum entre as empresas. No entanto, como especialista da área, vejo que grande parte das organizações mesmo já tendo ouvido falar sobre o conceito não sabem como aplicá-lo.

O que é felicidade nas empresas?

A meu ver, o primeiro passo para transformar este cenário, é definir o que é felicidade no contexto da organização. Na ciência, não existe uma definição única para este termo. RH TopTalks Algumas que me agradam muito, apenas para efeito ilustrativo aqui, são:
  • manter uma relação positiva com a vida “apesar de””, de Frédéric Lenoir (filósofo francês contemporâneo),
  • “maximização de emoções positivas e minimização de afetos negativos”, de Aristipo (435 a.C. - 356 a.C.), e
  • “experiência de contentamento e bem-estar combinada à sensação de que a vida vale a pena”, de Sonja Lyubomirsky (psicóloga e prof. na Universidade da Califórnia)
Gosto delas, pois não ignoram afetos negativos e, para mim, a felicidade é, no “balanço final”, sentir-se bem com a própria vida. Logicamente, todos nós teremos momentos ruins, sentimentos que não queremos ter, pensamentos desagradáveis, mas ainda assim, podemos ser felizes. É interessante também o construto do Prof. Richard Davidson: “habilidade que pode ser aprendida, treinada e desenvolvida“, principalmente pela auto responsabilidade contida nele. Seja qual for a definição, ela será o guia do plano de felicidade corporativa. E, falando em corporações, algumas palavras e expressões que podem estar contidas no seu construto são: engajamento, contentamento, afetos positivos, saúde mental, segurança psicológica, senso de pertencimento, dentre outras. A partir daí, minha dica é revisitar ou tirar um tempo para pensar no propósito da organização. Seu motivo de existir. O famoso “Porquê” do Golden Circle de Simon Sinek. Abaixo, listo algumas perguntas que podem auxiliar neste processo: ● O que temos e/ou fazemos de melhor? O que nos difere das outras empresas do mercado? ● O que os diversos stakeholders precisam/ querem? O que o mundo precisa? ● Como geramos receita?

Fortalecendo o propósito e significado do trabalho

Propósito e significado são fatores base para a felicidade. A partir deles é possível fazer a ressignificação até mesmo dos trabalhos mais repetitivos, aumentando o engajamento dos colaboradores e de outros stakeholders que se identifiquem com a causa da empresa.

Fortalecer a cultura da empresa

Olhar para a cultura da empresa e refletir: como as pessoas agem dentro dela? Quais são seus valores? O que norteia as decisões que precisam ser tomadas? E entender como ela potencializa o propósito e como se relaciona com o construto de felicidade que foi criado. Propósito e cultura são, na minha opinião, dois fatores de grande influência para o sucesso do plano de felicidade corporativa.

Construir um Plano de Felicidade Corporativa

Para começar a pensar nas ideias que irão compor o plano de felicidade corporativo é importante saber como a empresa se encontra hoje dentro do construto definido e quais são as metas a serem alcançadas. Assim, no primeiro ponto, pesquisas quantitativas e qualitativas, com validação científica, estão disponíveis no mercado. Inegavelmente, a definição de metas é importante entender o que a empresa está realmente disposta a mudar, pois só assim serão traçadas metas realistas. Na fase de ideação um fator que ajuda muito é o benchmarking com outras empresas que já fazem um trabalho pela felicidade de quem trabalha. Não garantimos que o que funciona em uma empresa funcionará em outra, mas surgem ideias interessantes. Mais importante, aprendemos com os erros dos outros! Priorize as ideias para definir o plano. Dessa forma, considere as metas propostas, o orçamento disponível e os recursos necessários. Não sobrecarregue a atenção dos colaboradores com muitas ações novas. Além disso, é melhor começar pequeno e quase imperceptível do que adicionar mais um peso ao dia a dia das pessoas.

Definir indicadores para mensuração dos resultados

É fundamental não somente saber aonde se quer chegar, mas também como saberemos que estamos no caminho certo. Meça o sucesso de cada iniciativa e esteja preparado para adiar, modificar ou até mesmo abortar ações que não tenham o resultado alinhado aos objetivos.

Aceite as falhas como parte do processo e transforme-as em aprendizado

Errar é humano, permanecer no erro é que não dá! Se for possível testar as ideias com grupos pequenos antes da implantação para toda a empresa, essa pode ser uma boa estratégia. Não se esqueça que o plano de felicidade tem um potencial enorme de mudar a vida de todos os colaboradores e o nosso objetivo é que seja para melhor, mas se não realizado com muita responsabilidade pode ter efeito contrário! Felicidade nas empresas_foto da autoraPor Luiza Vidigal, engenheira de produção, pós graduada em gestão de empreendimentos, certificada coach e chief happiness officer, pós graduanda em neurociências e comportamento, com experiência em grandes empresas como MRV, Orteng e UTC Engenharia e em diversas áreas e segmentos de mercado como varejo, construção, indústria e serviços. É sócia da Felicistart, pioneira na aplicação da Ciência e Gestão da Felicidade ao ambiente corporativo para promover maior engajamento e resultados.
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Mudando o Cenário da Saúde Mental no Trabalho
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