Desafios e estratégias para líderes em tempos de mudança na gestão de pessoas
A pergunta sobre o que está tirando o sono dos líderes e dos que fazem a gestão de pessoas é mais relevante do que nunca. Vivemos uma era de transições e complexidades, na qual o cenário empresarial está cada vez mais pressionado a se adaptar, inovar e, acima de tudo, sobreviver.
As preocupações que afetam CEOs, empreendedores, líderes de gestão de pessoas vão muito além da rentabilidade e sustentabilidade dos negócios. Envolvem aspectos humanos, emocionais e sociais que definem a resiliência e o sucesso das organizações.
Sempre que reflito sobre isso, costumo dividir o mundo em antes e depois da pandemia. Esse evento catalisador fez o colaborador revisitar seus propósitos, valores e prioridades. A relação de trabalho tornou-se algo muito mais complexo, porque a vida, de repente, ficou efêmera.
O que realmente importa?
Para muitos, essa efemeridade levou a questionamentos sobre o que realmente importa e como o trabalho se encaixa no sentido de vida. Isso resultou em um desafio estratégico para as empresas e para os líderes de gestão de pessoas: como reter pessoas que agora olham para o trabalho com novos olhos?
Hoje, não falamos mais de contratos transacionais, aqueles velhos contratos baseados apenas em uma troca clara de tempo por dinheiro. Estamos vivendo a integração do propósito individual ao propósito corporativo, adicionando a este cenário o "contrato psicológico" — o quão seguro o colaborador se sente naquele ambiente.
Redefinir papéis em gestão de pessoas
Isso redefine o papel da liderança e da gestão de RH, que precisam agora criar ambientes não apenas produtivos, mas também seguros e acolhedores.
Outro ponto que traz complexidade é a saúde mental. Antigamente, saúde era um tema restrito ao setor ocupacional, focado em prevenir acidentes. Hoje, estamos ampliando a discussão para abarcar a saúde mental, a segurança psicológica e o bem-estar integral dos colaboradores. E não tem volta — não há como desconsiderar a integralidade dos seres humanos e o quanto isso impacta suas performances no trabalho.
Vimos uma transformação na liderança
Antes, vulnerabilidade não fazia parte do vocabulário dos líderes; era algo guardado para casa. Hoje, se queremos ambientes de trabalho verdadeiramente seguros, precisamos falar sobre vulnerabilidades, ansiedades e fragilidades.
Criar um ambiente onde essas questões possam ser abordadas é essencial para que as pessoas se sintam respeitadas e aceitas como são, com todas as suas complexidades e diversidades.
A tecnologia no corporativo e na gestão de pessoas
Vale ainda ressaltar, voltando na questão da famosa pandemia, que ela também trouxe desafios tecnológicos que geraram inseguranças: como lidar com tecnologias emergentes e como evitar que a automação substitua o papel humano?
Ao mesmo tempo que houve uma aceleração forçada da digitalização — como o exemplo da implementação de telemedicina em tempos recorde — muitas empresas ainda enfrentam barreiras para adotar plenamente inovações digitais.
Em um cenário de incertezas, a habilidade de integrar novas tecnologias ao cotidiano dos negócios é fundamental para o crescimento e a sustentabilidade.
No entanto, isso cria um paradoxo: ao mesmo tempo que é preciso inovar, muitas empresas ainda têm um "pé no freio", receosas quanto ao impacto da automação e do digital em seus quadros de funcionários e na cultura organizacional.
Mas, e para a liderança? O que isso significa?
Liderar nesse cenário não é fácil. Além de buscar resultados, manter a sustentabilidade e garantir a retenção dos colaboradores, a liderança na gestão de pessoas precisa entender a sua responsabilidade na promoção da saúde mental e no acolhimento de um ambiente seguro.
Esse é um dos maiores desafios: como cuidar de uma equipe, sendo ao mesmo tempo um líder vulnerável, aberto e humano?
Não podemos mais tratar as gerações que estão no mercado de trabalho como rótulos pré-definidos, mas sim buscar entender as necessidades de cada pessoa individualmente.
Precisamos de planos que, em vez de dividir, busquem convergências, valorizem a diversidade e respeitem a complexidade do ser humano. Assim, conseguimos não só lidar com as diferentes gerações que coexistem nas empresas, mas também encontrar pontos de encontro que não eram explorados antes.
Desafios pela frente
É claro que já avançamos em muitos pontos. Estamos mais abertos a discutir saúde mental, a adotar novas tecnologias e a construir ambientes de trabalho mais flexíveis e acolhedores. No entanto, ainda existem muitos desafios pela frente.
Muitas empresas ainda não internalizaram a importância da segurança psicológica ou da inclusão genuína, tratando-as como algo secundário ou opcional. Além disso, a adaptação tecnológica é um processo ainda lento e, muitas vezes, visto com receio.
O que podemos concluir disso tudo? Estamos em um momento em que precisamos revisitar o que já sabemos e adaptar a uma nova realidade, uma nova gestão de pessoas. O que antes parecia ser suficiente para liderar e gerenciar equipes hoje se mostra insuficiente.
A vulnerabilidade, a segurança psicológica, a integração entre tecnologia e humanidade são temas que vieram para ficar. Precisamos de líderes prontos para se adaptar, para aprender continuamente e para abraçar a complexidade de seus times e de suas realidades.
É um desafio imenso, mas acredito que a maneira como enfrentamos isso define o futuro das nossas organizações. A resposta está em como conseguimos alinhar o desenvolvimento humano ao avanço tecnológico, sempre ancorados em valores e ética.
Essa é a chave para garantir não só a sustentabilidade dos negócios, mas a construção de um futuro do trabalho que seja mais humano e justo para todos.
Por Andrea Simões, diretora de gente gestão e tecnologia da informação da Log-In Logística.
🎧 Ouça o episódio 143 do RH Pra Você Cast: “Inclusão 50+: Oportunidades e Desafios para o Futuro do Trabalho”
O episódio 143 do RH Pra Você Cast mergulha no tema da inclusão etária no ambiente profissional. Desse modo, com o título provocativo “Inclusão 50+, bom para o presente e para o futuro (de todos nós)”, exploramos como a coexistência de diferentes gerações pode ser uma força motriz para empresas e profissionais.
O Dilema das Gerações
- O Questionamento Pessoal: Imagine-se daqui a cinco ou dez anos. Essa reflexão, frequentemente feita em processos seletivos, não é simples. Ademais é especial para o público 50+, que enfrenta estereótipos e incertezas quanto ao futuro profissional.
- O Choque Geracional: Pesquisas indicam que a interação entre gerações é benéfica para todos. Contudo, como garantir que os profissionais mais experientes não sejam deixados para trás?
Mudando o Panorama
- Inclusão como Prioridade: Precisamos mudar a narrativa, pois a inclusão de profissionais 50+ não é apenas uma questão de justiça social, mas é também estratégica para as empresas.
- Vantagens da Mescla Geracional: A diversidade etária traz criatividade, resiliência e diferentes perspectivas. Portanto, como podemos aproveitar esses benefícios?
Conversa com um Especialista
Neste episódio, tivemos a honra de entrevistar Mórris Litvak, Fundador e CEO da Maturi. Assim sendo, ele compartilhou insights sobre como desenvolver mecanismos de inclusão e promover um ambiente de trabalho que valorize todas as idades.
🎧 Clique no app abaixo e ouça o episódio completo! Descubra como a inclusão 50+ é uma oportunidade para todos nós construirmos um futuro profissional mais rico e diversificado.
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