Nosso nível de energia varia muito ao longo do dia – isso todos nós sabemos – mas de que forma podemos usar isto a nosso favor para que sejamos mais produtivos ao longo de nossa jornada? Sendo mais simplório possível: vamos fazer atividades com propósitos diferentes e em horários diferentes. Basicamente é isso que devemos ter em mente para produzir da forma que é esperado por nós.

Enquanto eu estudava para o meu novo livro, buscava estudos que orientassem qual seria o melhor horário para realizar sessões de mentoria, buscando manter o foco e energia no mentorado. Levantei então um estudo de 40 anos registrado de Neurociências e Metabolismo que estão apoiando muito a profissionais nos 50 países em que atuamos e gostaria muito de dividir os aprendizados dele para explicar como o seu cronótipo pode transformar a produtividade do seu dia.

Cortisol e nível de atenção: uma explicação científica

Muita gente conhece o hormônio cortisol somente quando ouve falar sobre estresse e ansiedade. É fato que ele está associado a essas respostas de nosso cérebro, já que o mesmo está diretamente ligado à nossa sobrevivência, sendo responsável por nosso estado de atenção. Se ficamos muito inseguros com algo, portanto, mais atentos, nosso corpo começa a produzir cortisol e isso é lido por nós como o sentimento de ansiedade. Quando este estado de atenção persiste em um nível muito elevado, além de nos tornarmos ansiosos, temos um excesso de cortisol. Se isso se tornar crônico, há diversas consequências negativas para nossa performance, felicidade e até mesmo resposta física ao ambiente.

No entanto, estudos mostram que, naturalmente, este hormônio é secretado em altas quantias logo pela manhã, atingindo seu pico 30 minutos após acordarmos e atingindo seus menores níveis (menor que 1 Ng/Ml) durante nosso sono. Dessa forma, o cortisol está diretamente ligado ao nosso sono e, da mesma forma, ao nosso estado desperto.

Em contrapartida, é no final da tarde em que a produção de melatonina começa a aumentar, e dessa forma também passamos a ter dois benefícios deste importante hormônio: o aumento da afetividade, bem como um importante benefício recentemente comprovado por um estudo da Tokyo Medical and Dental University – a melatonina também tem forte correlação com a memória de longo prazo, ou seja, estudar à noite pode também trazer benefícios à retenção de informações.

E então, qual o seu melhor horário?
É possível aproveitar melhor o fluxo natural de energia das pessoas, ou seja, quando operam melhor ou são mais produtivas durante o dia, a partir do cronótipo individual – ou como costumamos dizer: “relógio biológico”. Como Daniel Pink aponta em seu livro “Quando: princípios científicos do timing perfeito”, há três tipos de pessoas:

  1. A pessoa da manhã;
  2. A pessoa da noite;
  3. A pessoa que fica entre os dois períodos.

De acordo com essa classificação, é possível descobrir o cronótipo de cada um calculando o ponto médio entre a hora em que a pessoa costuma dormir e a hora em que acorda. Se for entre 1h e 3h, ela está entre os 14% das pessoas que são consideradas matinais. Se for entre 6h e meio-dia, ela está entre 21% das pessoas que são noturnas. Se for entre 3h e 6h, ela está entre os 65% das pessoas que ficam entre os dois.

As badaladas do dia e seu nível de energia

O PICO
Independentemente do cronótipo da pessoa, costumo pensar que o período antes de começar o dia de trabalho, que são aqueles 30 minutos após abrir o olho, é o melhor momento para se fazer atividades que exijam maior concentração, análise e até mesmo criatividade. E isso pode ser às 6h30, para quem é matinal, ou às 10h, para quem fica entre matinal e noturno. Chamo de horário “filé mignon”, entre 7h e 10h, e a partir desse horário é quando começam as principais reuniões das pessoas, bem como as interrupções, mensagens, e-mails, ligações e dificilmente você terá o foco todo para você novamente.

O VALE
Neste horário você não tem muito o que fazer, o nível de energia de qualquer um é mais baixo. Algumas dicas para você é bloquear este horário na agenda para algo como descansar, fazer a famosa siesta que já comprovadamente funciona muito para aumentar o nível de energia, ler e-mails, navegar e fazer posts em redes sociais, etc.

O REBOTE
O segundo melhor horário que tenho observado para algumas pessoas é após o trabalho, entre 17h30 e 20h30. Esse horário é bom para atividades em que você tenha maior liberdade, já livre da pressão do trabalho. Tenho feito inclusive nesse horário as aulas durante a semana, para garantir que estão todos lá concentrados e focados em seu próprio desenvolvimento. É um ótimo horário também para as lives, mentorias mais focadas em carreira (que envolva mais o “sonho” e menos a análise), atividades de relacionamento como happy hour e sem dúvida, é uma ótima hora para usar a energia do rebote para a prática esportiva.

A receita de maior impacto com menos esforço

Por esse motivo, para aproveitar ainda mais nosso estado bem acordado, recomendo que use da melhor forma possível seu melhor horário, de 30 minutos a 2 horas depois que acordar, para aquelas atividades que têm o maior impacto a você. Uma boa regra é direcionar para este horário as 20% de atividades que demandam 80% da sua atenção, concentração e trabalho individual. Deixe aquelas outras que envolvem trabalho junto a outras pessoas para o horário rebote.

Com esta fórmula, sem dúvida não tem como seu relógio não funcionar perfeitamente, com menos estresse e maior produtividade.

Cronótipo pode transformar a produtividade do seu dia

Por João Furlan, CEO e fundador da Rocket Mentoring School, cofundador da Enora Leaders, palestrante e autor do best-seller “FLAPS! Liderança Adaptágil”. É especialista em negociação pela Harvard University, em Gestão de Mudanças pela University of Notre Dame e IDEO, em Liderança pela CCL, ATD e em Inovação pela Singularity University e Inteligência Emocional pela Talent Smart.

Ouça também o RHPraVocê Cast, episódio 126, “Até o ‘bom dia’ vira reunião: é mesmo tão difícil se adaptar à comunicação assíncrona?”. Será que todos os líderes estão, de fato, preparados para se adaptar a um diferente estilo de comunicação? Há solução para as reuniões em excesso deixarem de ser parte do dia a dia?

Para responder a isso e auxiliar no melhor entendimento sobre a importância da comunicação assíncrona, o RH Pra Você Cast traz a neurocientista Ana Carolina Souza, sócia da Nêmesis, empresa de educação corporativa. Clique no app abaixo:

https://open.spotify.com/episode/7fGSGpVFYLkn6iwpRxEGYK?si=b2d6736db179474a

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